domingo, fevereiro 23

Cultura Innovatus


Não quero ser pessimista, mas nós ─ como indivíduos e como sociedade ─ temos muitos problemas críticos para enfrentar. Criamos um padrão de vida que é incompatível com os recursos do planeta, um padrão predatório. Nossa ideia de progresso é materialista, individualista e insaciável

Nos tornamos escravos das tecnologias que criamos para tornar nossas vidas mais fáceis. A maioria das coisas que chamamos de trabalho se resume ao preenchimento de modelos e repetições.

Os índices de violência, depressão e suicídio têm aumentado a medida que sentimos que nossas ações individuais e políticas são insignificantes na criação de uma verdadeira mudança. No entanto, parece que o raciocínio que estamos usando para resolver isso tudo é a principal fonte de nossos problemas. Todos nós temos o potencial para a criatividade. Mas parece que há um vírus que bloqueia nossa capacidade de alcançar transformações significativas em nossas casas, organizações e na sociedade.

Dividimos nosso conhecimento em áreas, disciplinas e profissões. Separamos, inclusive, a teoria da prática, como se fossem opostos. Esta fragmentação cega nos fez perder a visão do todo. Não somos mais capazes de unir os fragmentos novamente, então entramos em uma crise de sentido.

Com os progressos nas áreas de ciência e tecnologia, criamos a falsa sensação de que sabíamos o que estávamos fazendo. Nos tornamos viciados na ideia de que é necessário algo novo. Nosso raciocínio vai sempre em direção do “mais”: pensamos que para fazer mais, precisamos de mais pessoas; para fazer melhor, precisamos de mais tempo; e para fazer mais rapidamente, precisamos de mais estresse.

Estes sintomas indicam que nossos agregados e nossos organismos (casas, organizações, sociedade) estão doentes. E assim, precisamos de tratamento. Acredito que o físico teórico David Bohm acertou em cheio quando disse: “Nosso problema é que pensamos que o que pensamos é a realidade”. Para ele, nossos pensamentos funcionam como um sistema. Eles nos dizem que estão relatando a realidade exterior, mas, na verdade, estão criando sua própria versão da realidade.

Como podemos espalhar um antivírus para curar o dano feito por esta forma errada de pensar? Como podemos não apenas pensar de forma diferente, mas pensar melhor?. Acredito que devemos tentar um tratamento alternativo. Algo que envolva menos, não mais; que abranja apenas desaprender essas velhas formas de pensar. Um estágio de despertar, no qual pudéssemos refletir e abrir mão, o máximo possível, da ideia de controle, no qual, pudéssemos nos preocupar apenas com adaptação e energia distribuída; onde só pudéssemos considerar as partes ao desdobrar um todo coerente.

E claro, vamos precisar de uma cultura para espalhar este antivírus. Cultura é um conceito abstrato, mas, na verdade, é uma espécie de cola que nos une. É o que dá sentido à sociedade e nos ajuda a entender um ao outro, é onde o significado é criado. Cultura vem da palavra latina “Cultura”, que está relacionada à noção de cultivo, alimentação.

Portanto, quando nos concentramos no desenvolvimento de uma cultura saudável em nossas casas, empresas e na sociedade, as sementes crescem, tudo parece acontecer, as pessoas parecem saber o que deveriam fazer e encontram significado nas coisas. A palavra inovação também vem de uma palavra latina, “Innovatus”, que está relacionada ao conceito de mudança e renovação. Já está claro que podemos mudar tudo modificando a maneira como pensamos. Então, vamos pensar em uma direção melhor – Cultura Innovatus – uma direção que pode nos levar a maiores níveis de colaboração, criatividade e otimismo.



FONTE: Catho

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