quarta-feira, fevereiro 26

Publicidade enganosa: até quando?


Impunidade, fraudes e violência. São tantas as violações ao direito do cidadão, que algumas passam despercebidas, embaladas em bonitas peças de revista, clipes na televisão ou rádio. Celebridades vão à televisão falar bem de um produto ou serviço. Bancos, cartões de crédito, operadoras de telefonia celular são bons exemplos em apresentar uma visão positiva de seus serviços através de uma personalidade importante que, mesmo involuntariamente, forma milhares de opiniões país afora. Nada de errado, dirá a leitora ou o leitor, à primeira vista.

Não teria nada de errado mesmo, a não ser pelo fato de que estes mesmos bancos e estas empresas de cartões de crédito e de telefonia celular são recordistas contumazes de reclamações nos órgãos de defesa do consumidor.  Somos vítimas, todos os dias, de desmandos, mau serviço e processos irracionais destas empresas, e assistimos a mensagens publicitárias de todas as naturezas dizendo exatamente o contrário: que o banco é feito para você, que sua empresa não pode perder tempo com o banco, que o cartão é isso, que o celular é aquilo, enfim, tudo aquilo que os profissionais de marketing chamam de “retórica” ou “metáfora” da comunicação. E tudo na voz de pessoas altamente influentes e conhecidas.

E os problemas? Bem, estes só mesmo nós consumidores mortais é que aguentamos. Quem de vocês jamais pensou, ao ver um apresentador de TV falar de uma operadora: será que ele é cliente da mesma empresa do que eu? Acho que várias vezes. “É mentira!” me peguei gritando para a televisão outro dia, ao ver o mesmo apresentador falar que o banco no qual tenho conta é feito para mim.

Nossa empresa mudou de endereço há alguns meses e, desde então, venho tentando, sem sucesso, alterar o endereço de correspondência no meu banco que, aliás, é dito premium. Liguei para o atendimento, mandaram fazer no site. No site diz que não tenho acesso ao serviço, ligo para agência, mandam falar com o atendimento. E nada de conseguir alterar o tal endereço. Finalmente, consigo falar com a gerente da minha conta e me surpreendo ao ouvir: “sua conta do tal banco premium não tem direito aos serviços do banco pessoa jurídica comum” . Como assim? Depois de mais de dez anos como cliente deste banco, fico sabendo que não temos mais direito sequer de mudar o nosso endereço de correspondência?  “O senhor precisa vir à agência assinar um formulário. Daí, autorizaremos a mudança”. E para me tornar uma pessoa jurídica comum, perguntei ingenuamente. “Claro, se o senhor autorizar, passarei o seu CNPJ para um gerente especifico que irá solicitar os seus documentos e enquadrá-lo no segmento específico...” e por aí foi.  Tenho vontade de esganar o tal apresentador de televisão, cada vez que diz que este banco foi feito para mim. Como, se depois de dez anos eles ainda precisam pegar o balanço da empresa para saber quem somos? Isso não é nem “retórica” nem “metáfora”, é mentira!

Para completar, escutei hoje no rádio uma publicidade deste mesmo banco dizendo que minha empresa não pode perder tempo, que podemos contar com eles para tudo. Tudo? Menos trocar o endereço de correspondência. Para isso, preciso ir à agência.  Mas ir à agência não é perder tempo, não é mesmo?


FONTE: Adnews

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