sábado, fevereiro 22

Crie um negócio, não um emprego

girafa
Quando éramos empregados e nos tornamos empreendedores saímos de uma “realidade” para habitarmos uma “nova realidade” praticamente oposta à primeira. O problema é que essa mudança de “realidade” entre empregado para empreendedor acontece de forma tão rápida que a nossa mente e os nossos hábitos não conseguem acompanhar. Estávamos acostumados em ver o dinheiro cair sempre no dia certo do mês. Sempre chegando a mesma quantidade, com os mesmos descontos de sempre e sempre no mesmo dia do mês. Daí resolvemos nos tornar empresários, conquistar clientes e passar a receber dinheiro em épocas diferentes e de formas diferentes. Também tivemos que aprender a agradar não só um chefe, mas várias outras pessoas que dependiam da nossa empresa. O mundo de uma hora para outra mudou, mas a mente e os hábitos ainda estavam procurando se achar no meio de tanta mudança. Eita, coisa complicada.
É muito normal que eu encontre empreendedores que estão aprisionados dentro das suas empresas, fazendo um monte de tarefa que não gostam, trabalhando mais de oito horas por dia e preocupadíssimos com as contas que vencem durante o mês. Provavelmente isto é normal porque a maioria dos empreendedores que convivo fez o mesmo caminho que eu fiz, ou seja, trabalharam como empregados durante um longo período das suas vidas para depois se decidirem em empreender. Apesar de já estarem empreendendo há anos, seus cérebros continuam pensando como empregados e fazendo a mesma coisa que faziam quando eram empregados: tentando sobreviver apesar das dificuldades.
Quando sua empresa se torna um emprego, você deve sair da caixa e ir para fora para olhá-la através de planilhas e números ao invés de desejos e sonhos. Em uma entrevista que li de bate pronto do Fábio Seixas, fundador da empresa Camiseteria, ele disse algo bem importante que me marcou. Fábio disse que o problema do empreendedor é que ele gosta do que faz e isso geralmente faz ele abaixar a cabeça dentro do próprio negócio. Não foram bem essas palavras as do Fábio, mas gravei assim na minha cabeça e utilizo o recurso de lembrar-me sempre dela, quando começo a abaixar muito a cabeça dentro dos negócios onde atuo.
Se você está vivendo uma situação de “emprego” dentro da sua empresa, gostaria de te sugerir levantar a cabeça para o seu negócio. Sim, parar por um dia inteiro e olhá-lo com a cabeça de alguém que quer se libertar da execução e se concentrar na expansão do negócio. Pensar na estratégia, no marketing, na parte financeira e enxergar se o modelo de negócios é realmente aquele que garantirá a sua liberdade e te colocará na posição de empresário.
Por muito tempo, tive uma empresa de prestação de serviços que dependia 80% do seu faturamento de novas vendas. Quando o mercado estava em baixa ou algum problema interno acontecia na empresa, sentia o reflexo diretamente no meu fluxo de caixa. Isso, evidentemente, causava outros problemas que geralmente se tornavam maiores e maiores porque a crise estava instaurada. Além de tudo, para atingirmos um nível de estabilidade que não dependesse mais de novas vendas, seria preciso ter 35 clientes atendidos por apenas um funcionário, algo extremamente estressante e passível de falhas, uma vez que este funcionário poderia sair do emprego ou pelo menos ficar doente e gerar problemas no atendimento dos clientes.
Para sair deste problema, tive que olhar para o negócio de cima, colocar o meu modelo de negócios em planilhas e decidir, conforme a demanda do mercado, como corrigir o problema estrutura e reposicionar a empresa da maneira melhor onde ela pudesse gerar mais valor para os meus clientes de forma constante e equilibrada. Essa oportunidade de “olhar por cima” não aconteceu somente em um negócio que administro, mas também em outros e por isso acredito que abaixar a cabeça deva mesmo ser algo muito comum na vida do empreendedor.
Posto isso, recomendo para você, que passa por problemas semelhantes ou pelo menos se vê como um “pagador de contas” que faça o exercício olhando por cima do seu negócio sem se apegar a ele. O que quero dizer, é que você deve olhar o seu negócio como uma pessoa de fora, sem aquele apego à sua marca ou mesmo no tempo que levou para construir seu pequeno império. Muitas das vezes, mexer 20% no seu negócio, impacta 80% dele. Manda ver.

FONTE: insistimento


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