sexta-feira, fevereiro 7

Coisas que aprendi com designers sobre desenvolvimento de produto

Algumas visões dos designers que fazem a diferença nas estratégias e decisões para o desenvolvimento de produtos e que ampliam os resultados na qualidade, nas vendas e principalmente no branding



Ao longo desses anos vivenciei problemas junto aos designers, coletei informações e maneiras de pensar que moldaram a forma que hoje enxergo a gestão das diversas faces de uma empresa em especial a área de desenvolvimento de produtos.
Neste artigo compartilharei quatro coisas que aprendi com os designers e que incrivelmente são desconsideradas no desenvolvimento e gestão de produtos e negligenciadas como elementos estratégicos ao branding em grande parte das empresas. São conceitos que também são esquecidos por alguns escritórios e profissionais que prestam serviço de consultoria e assessoria debranding e marketing.
Sei que as informações a seguir serão de grande valia para muitos gestores e empreendedores, contudo prevejo que alguns poderão não ver novidades e também estão cansados a defender os pontos aqui abordados, sendo assim, convido-os a colocarem seus pontos de vistas e acréscimos de informação nos comentários para que principalmente o conhecimento prático possa ser perpetuado.
Quatro coisas que aprendi com os designers sobre desenvolvimento de produto:

1 – Não me faça pensar

No universo do design existe um livro fantástico e muito indicado por quase todos profissionais chamado “não me faça pensar”. O livro cujo foco é usabilidade possui conteúdo muito relevante para desenvolvimento web, mas que com um pouco de bom senso e adaptação pode ser aplicado em diversos contextos que vão desde o desenvolvimento de um aplicativo ao visual merchandising em uma loja física.
Para resumir o conceito deste primeiro item basta entendermos que pensar cansa, que a natureza tende a preservar energia e por sua vez as pessoas buscam sempre o que lhe é mais fácil e familiar. O aprendizado sobre o uso do produto e a estrutura devem ser dinâmicos e intuitivos, ou seja, nada de manuais de 300 páginas ou por exemplo perder 2 horas para descobrir como ligar algo ou navegar.

2 – Deus mora nos detalhes

Sei que a frase original fala do mal, do diabo que mora nos detalhes, porém inverte-la foi necessário para que compreendam a natureza desse importante item. Não raras vezes, os designers são chatos em relação aos detalhes e são minuciosos nas tomadas de decisões e, Deus mora nos detalhes pois são exatamente eles que podem trazer grandes diferenças na escolha de um consumidor por um determinado produto.
Detalhes que são menosprezados pela necessidade de fazer o produto ir logo para o mercado. Cheiros, texturas, a curva da embalagem ou o clique que indique que um plug finalmente encaixou no lugar certo, uma função a mais ou a menos de um aplicativo, são fatores que ampliam a experiência do usuário, criam atalhos mentais e constrói significado na mente das pessoas.

3 – Foco nos benefícios

Acredito que a maioria ao ler este artigo já ouviu que pessoas não compram furadeiras, mas sim buracos nas paredes. Porém e se eu dissesse que para muitos dos designers que conheci nem os furos algumas pessoas compram, mas sim um beneficio de poder pendurar algo na parede, no qual o furo em si é uma consequência e no fim um estorvo. Talvez a isso se deva o sucesso da linha Command da 3M que não necessita furar a parede e é uma solução menos danosa as residências para quem quer fixar algo.

4 – Inovação é importante, mas reflita sobre o contexto

Tenho certeza que se fizermos as contas de quantos artigos, livros, vídeos são lançados ano após ano sobre inovação contabilizaríamos algumas dezenas se não centenas em que todos “gritam” o conceito de inovação. Todo esse conteúdo “inovador” chegam muitas vezes a injuriar e angustiar ao fazer algumas pessoas pensarem que suas empresas não inovam e precisam urgentemente inovar.
Inovar para quem? Inovar para que? Inovar é o verbo rei, mas que junto carrega questões pouco exploradas. De fato muitos mercados são bem tradicionais e os excessos de mudanças chocam de forma prejudicial. Em muitos outros casos o contexto é tão engessado que leve mudanças já proporcionam um sentido de “inovação” extremamente impactante e benéfico.
Inovar é preciso, contudo entender os limites e compreender o exagero é fundamental, pois não são raros os casos que meus conhecidos designers reclamam de clientes que exigem algo diferente e exemplificam com referências de universos completamente diferentes e ousados. Também não são raros os casos de “designers” que entregam projetos mirabolantes e esbanjam o discurso de inovação, mas que por fim chocam o cliente de seus clientes, os consumidores e resulta em uma queda drástica nas vendas.
Repito, inovar é preciso sim, mas dar passos maiores que as pernas é algo extremamente arriscado e pode não ter volta depois e, por isso quando alguém me pergunta como então deve-se agir eu respondo: Seja um cuidadoso, extremamente ousado e, se puder, seja ousado com muito cuidado.
Conclusão
Ainda é difícil, principalmente no Brasil, vermos designers ocupando grandes cargos de liderança ou tendo voz ativa nas decisões estratégicas e de desenvolvimento de uma empresa e isso é prejudicial, pois as empresas perdem a oportunidade de obter valiosos pontos de vista. Ao mesmo tempo isso revela um completo paradoxo, pois a cada dia os designers tem considerado as questões estratégicas e mercadológicas as suas decisões de design e talvez isso explique o motivo de a cada dia surgirem novas empresas, marcas e produtos no qual eles são líderes.
Toda questão não gira em torno da substituição ou da troca de pessoas, mas sim da soma para se chegar a resultados mais significativos, pois como diz John Maeda ex-professor da MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e um dos mais influentes do século 21 segundo a revista Esquire: Os artistas e os cientistas tendem a encarar os problemas com mente aberta e inquietude. E ambos não temem o desconhecido, preferindo dar saltos, em vez de passos consecutivos. Eles se tornam parceiros naturais. Com esse pensamento complementar, há um grande potencial quando eles colaboram de forma contrabalançada, gerando resultados inesperados, que podem ser muito mais valiosos do que quando esses profissionais trabalham separados.
Fonte: MAEDA, John: Designers e Artistas serão líderes de inovação. Folha de S. Paulo. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/137074-designers-e-artistas-serao-os-lideres-da-inovacao.shtml

FONTE: ideiademarketing

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