Dirigentes da FAPESP e da PCBA anunciam criação do centro de pesquisa em engenharia
(foto: Leandro Negro)
A FAPESP firmou, nos últimos 12 meses, quatro acordos de cooperação com empresas para a implementação de centros de pesquisas em áreas estratégicas para o desenvolvimento tecnológico do Estado de São Paulo.
Por meio desses acordos, a FAPESP e empresas parceiras – BG Brasil, GlaxoSmithKline Brasil, Peugeot Citroën Brasil e Natura – vão compartilhar investimentos de R$ 114 milhões, por período entre cinco e 10 anos, em pesquisas voltada a aplicações nas áreas de energia, química sustentável, engenharia de motores a combustão, neurociências e ciências do comportamento. A esse valor serão acrescidos os aportes das instituições que sediarão os Centros, na forma de despesas operacionais e com salários.
“O objetivo desses acordos é desenvolver parcerias em pesquisa avançada, que requerem prazos maiores, e mais estruturadas, de tal forma que se estabeleça um diálogo de médio e longo prazo entre universidades e empresas em torno dos desafios de pesquisa”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.
Nesta semana, a FAPESP anunciou oficialmente a criação do Centro em Pesquisa em Engenharia “Prof. Urbano Ernesto Stumpf”, voltado à pesquisa sobre motores a combustão movidos a biocombustíveis, em parceria com a Peugeot Citroën Brasil (PCBA).
O investimento será de cerca de R$ 32 milhões por um período de 10 anos, sendo R$ 8 milhões da FAPESP, R$ 8 milhões da PCBA e aproximadamente R$ 16 milhões em despesas operacionais e salários pagos pelas universidades participantes.
O Centro reunirá pesquisadores da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto Mauá de Tecnologia e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
O projeto de pesquisa foi selecionado por meio de uma chamada de propostas lançada pela FAPESP e pela PCBA em novembro. O Centro será assessorado por um comitê consultivo internacional formado por pesquisadores do Paris Institute of Technology (ParisTech), do Instituto Politécnico de Turim, da Universidades de Cambridge e do University College London, do Reino Unido, e da Universidade Técnica de Darmstadt, da Alemanha.
“Os pesquisadores da empresa eventualmente participantes deverão ser integrados ao quadro de professores visitantes das universidades. No caso da PCBA, um pesquisador indicado pela empresa terá prerrogativas de pesquisador visitante na Unicamp, será um dos pesquisadores principais e atuará como vice-diretor do Centro”, disse Brito Cruz.
Entre os temas que deverão ser investigados estão novas configurações de motores movidos a diferentes biocombustíveis – incluindo veículos híbridos, redução de consumo e de emissões de gases – e os impactos e a viabilidade econômica e ambiental de biocombustíveis.
De acordo com Jean-Marc Finot, diretor mundial de pesquisa e de engenharia avançada da Peugeot Citroën, o acordo é o primeiro realizado no Brasil pela subsidiária brasileira da montadora francesa com universidades e instituições de pesquisa no Estado de São Paulo. O acordo faz parte da estratégia de inovação adotada pela companhia globalmente, baseada em open labs(“laboratórios abertos”, na tradução literal).
Voltados para explorar áreas específicas de pesquisa – como biocombustíveis, combustão e materiais –, a empresa já abriu seis open labs na França e um na China (o primeiro e único fora do país de origem da montadora), que são controlados por um laboratório de pesquisas central.
A empresa tem planos de inaugurar outros open labs no Brasil, que podem ser integrados ao Centro de Pesquisa em Engenharia, resultado do acordo com a FAPESP.
“Esse tipo de acordo, como o que assinamos com universidades e instituições de pesquisa do Estado de São Paulo por intermédio da FAPESP, nos ajuda a aumentar e complementar nossa força em pesquisa e desenvolvimento”, disse Finot à Agência FAPESP.
“O Centro de Pesquisa em Engenharia vai nos auxiliar a encontrar soluções para aumentar a eficiência da combustão interna de motores movidos a gasolina e etanol ou só a etanol”, afirmou Finot.
Natura
A FAPESP firmou também parceria com a Natura para a instalação de um Centro de Pesquisa Aplicada em Bem-Estar e Comportamento Humano, que integrará investigações nas áreas de neurociências e psicologia que permitam, por exemplo, estabelecer marcadores científicos do bem-estar, avaliar o papel da cultura e de hábitos na medição neurológica de percepção, atenção e memória, entre outros.
Os investimentos a serem feitos pela FAPESP e pela empresa totalizam R$ 20 milhões. A chamada de proposta para a estruturação do Centro e a seleção de projeto está aberta aos pesquisadores interessados até o dia 14 de março de 2014 e os resultados serão anunciados em setembro.
“Nunca fizemos uma parceria para a pesquisa nesse nível, que é algo importante para a Natura, mas também para a universidade que sediará o centro de pesquisas e para a ciência do Brasil, pois queremos fazer uma inovação aberta. E os princípios de dinamismo e de operação da empresa devem ajudar a completar o ciclo da pesquisa científica”, disse Gerson Pinto, vice-presidente de Inovação da Natura.
Novos reagentes para a indústria farmacêutica
As parcerias com a GSK e a BG Brasil seguem modelo semelhante. O acordo com a GSK, firmado em outubro deste ano, prevê investimentos totais de R$ 30 milhões na instalação de um Centro de Excelência para Pesquisa em Química Sustentável, por um período de até 10 anos (leia mais em http://agencia.fapesp.br/18117).
A chamada de propostas está aberta até o dia 21 de fevereiro de 2014 e os resultados serão anunciados em agosto do mesmo ano. O Centro deverá investigar usos mais eficientes de sintéticos e o desenvolvimento de solventes e reagentes renováveis a partir de resíduos agrícolas, oferecendo novas alternativas para processos e componentes utilizados hoje pela indústria farmacêutica.
A parceria com a BG Brasil, assinada em setembro de 2013, em Londres, durante a FAPESP Week, resultará em investimento da FAPESP e da empresa de R$ 48 milhões por um período de cinco anos, para a instalação de um Centro de Pesquisa para Inovação em Gás Natural.
O período de apresentação de propostas termina em 10 de março de 2014 e os resultados serão conhecidos em 12 de setembro do mesmo ano. O Centro conduzirá pesquisa e desenvolvimento em novas aplicações para gás natural – incluindo o uso de gás com eficiência energética, buscará sinergias entre gás e outras tecnologias emergentes e implementará estudos para reduzir a intensidade de carbono no gás natural, entre outros desafios.
Pesquisa, inovação e difusão
“Os Centros de Pesquisa em Engenharia implantados por meio de parceria entre a FAPESP e as empresas inovam no ambiente de colaboração universidade-empresas no Brasil, abrindo a possibilidade para planos de pesquisa articulados e de longo prazo, criando uma interação muito mais efetiva entre pesquisadores acadêmicos e as empresas do que aquela que acontece em projetos de curta duração”, disse Brito Cruz.
O modelo dos Centros se baseia na bem-sucedida experiência dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) FAPESP, instituídos em 2000. Em maio deste ano, a Fundação anunciou 17 CEPIDs nos quais investirá R$ 760 milhões por um período de 11 anos e as instituições sede destes Centros outros R$ 640 milhões na forma de salários pagos a pesquisadores e técnicos. Em ambos os casos – CEPIDs e Centros de Pesquisa em Engenharia – estimulam-se projetos de pesquisa ousados e com elevada perspectiva de impactos científicos, sociais e econômicos.
“Para as universidades, os centros de pesquisa contribuirão para que o ambiente de pesquisa se torne mais variado e mais conectado com a sociedade. Isso ajudará a formar melhor os estudantes de graduação e de pós-graduação, além de trazer novos temas de pesquisa avançada”, disse Brito Cruz.
“Para as empresas, a parceria com universidades cria uma interação contínua que vai estimular que ela traga novos desafios e mantenha contato com a fronteira do conhecimento. Para o Estado de São Paulo, esses acordos de parceria resultam em mais desenvolvimento científico e tecnológico, impulsionando a competitividade das empresas”, disse Brito Cruz.
FONTE: FAPESP
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