segunda-feira, março 31

Grandes e pequenos empresários apontam dificuldades para empreender no Brasil

Carga tributária, burocracia para abrir empresa, facilidade de acesso a crédito e educação estão entre os principais entraves
Empreender por si só já exige grandes esforços. Se uma parte está nas mãos do candidato que pretende viabilizar seu negócio próprio, como busca por capacitação, planejamento e estudo do segmento onde ele vai atuar, a outra parte pode depender das condições que o País oferece ou não para criar um ambiente favorável ao empreendedorismo. O Estadão PME ouviu grandes empresários, que ajudaram a analisar a situação atual do Brasil e também a projetar um cenário futuro. E também contou com a opinião de pequenos empresários, que enviaram seus pontos de vistas por e-mail e por meio de redes sociais. Confira a seguir.




A obtenção de crédito é, na opinião de Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, um dos principais entraves ao desenvolvimento de novos negócios no Brasil. "Temos de avançar em desburocratização e facilitação de crédito", diz a empresária, que costuma receber pequenos empresários interessados no modelo de gestão da rede varejista. Otimista, ela observa avanços no setor dentro do País. "Basta ver ações como o Simples e o Micro Empreendedor Individual, que possibilita a legalização e inclusão de milhares de pessoas", destaca.
"Acho que o principal problema é com a falta de planejamento e (a falta) de estudo do segmento onde o empreendedor deseja atuar", diz Joseane Gomes, dona de empresa de gestão de varejo.




Flávio Augusto da Silva, fundador da rede Wise UP, também faz coro aos que criticam a carência de "capital barato e responsável" para empreendedores brasileiros. Segundo ele, contudo, a ausência de um ambiente mais motivador criado pelo governo corroborou para que o homem de negócios local tenha desenvolvido um senso de oportunidade e uma flexibilidade maior para se sobressair em momentos delicados. "É como se ele fosse capaz de respirar embaixo da água, diferentemente dos empreendedores de outros países", opina.

Para Viviane Cholla, dona de uma empresa de RH, a maioria dos novos negócios não consegue ir para a frente por causa de fluxo de caixa. "Também é difícil encontrar incentivo financeiro com juros baixos", afirma.



Para Paulo Bellini, fundador da fabricante de carroceria de ônibus Marcopolo, é ainda muito difícil abrir uma empresa no País. Essa questão, associada à falta de política de incentivos e facilidades para novos negócios, são impeditivos ao avanço do mercado. Mesmo assim, Bellini é dono de um olhar positivo quando ao futuro. "O País é rico em novos empreendedores. São pessoas com criatividade, flexibilidade e senso de oportunidade", diz. "(Essa geração) será fundamental para transformar a economia da nossa nação e nos fazer progredir", afirma.

"Largar o salário para arriscar em uma empreitada que requer investimento e que não tem receita nos primeiros meses, sem dúvida, é um desafio", diz Lucas Moreira, que é consultor e especialista na área de franquias.


Na opinião de Eugênio Mattar, presidente da Localiza, o País ainda peca na formação de novos empresários. "O País ainda está bastante atrasado em educação e tem um dos maiores custos de capital do mundo", diz. Dificuldades de infraestrutura, que aumentam o custo operacional, e a pesada carga tributária, que também é complexa, completam o quadro. "O contexto atual é bastante difícil para que se desenvolva um espírito empreendedor", afirma Mattar. "A China dá o exemplo, está fazendo um trabalho grande para facilitar a vida das empresas."

"Minha principal dificuldade é a carga tributária", conta Laura Milano, dona de uma franquia de marca de roupas. "Pagamos muitos impostos e o retorno que o governo nos dá com incentivos é zero."


FONTE: estadao.pme

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