sexta-feira, março 14

Aprenda a identificar um MBA de verdade e saiba o que esperar do curso

Coordenador do Insper dá dicas para escolher um bom MBA, além de entender o perfil do candidato e o melhor momento da carreira para buscar o programa

Crédito: iStock

É fato que um MBA é não apenas uma boa adição ao currículo, mas traz elementos práticos e contatos valiosos para o dia a dia do profissional. O problema é que, conforme afirma Silvio Laban, coordenador dos programas de MBA do Insper, grande parte dos autoproclamados MBAs no Brasil não são de fato MBAs. Isso porque para se classificar como um programa como esse, existe uma série de pré-requisitos que não são obedecidos por instituições, que acabam vendendo programas de pós-graduação lato sensu como MBAs erroneamente.
Em entrevista ao portal dos Guias, Laban explica como identificar um curso deMaster of Business Administration, qual é o tipo de perfil do aluno e qual é o melhor momento da carreira para se matricular nesse tipo de programa.
No brasil confunde-se muito o conceito de MBA. O que é um MBA de verdade? 
Para a gente dizer o que é um MBA de verdade talvez seja mais fácil dizer antes o que não é. O MBA não foi inventado no Brasil, e existe uma associação internacional – a AMBAs (Association of MBAs) – que define os critérios para certificar um programa como esse. Que características são essas? Carga horária, corpo docente, corpo discente, processo seletivo e estrutura do curso. Independentemente da formação anterior do aluno de MBA, quando ele conclui esse programa precisa fazer jus ao título de Master of Business Administration. Ele precisa ser capaz de ser um gestor de negócios, com todo o arcabouço e ferramental associado a isso. No entanto, acontece que muitos cursos que se autoproclamam MBAs focam em temas muito específicos. O problema é que quando o profissional termina, ele é especializado nesse conteúdo específico, mas não é um gestor de negocio.
No Brasil existe alguma regulamentação como a da AMBA?
Existe uma associação nacional, a Anamba, que está seguindo as mesmas linhas para estabelecer critérios e definir o que é um MBA no Brasil. Mas para você dar um conteúdo específico e encaixar tudo isso de uma maneira adequada ao aprendizado, precisa de uma carga horária condizente. A Anamba entende que dá para fazer isso em 360 horas, mas precisaria ser de 500 horas, como estabelece a AMBA. A carga não tem que ser maior ou menor, mas adequada ao tanto de conteúdo que precisa ser passado. Boa parte dos programas de MBA no Brasil tem 360 horas, porque é o mínimo que o MEC define para uma especialização. 
E quanto ao corpo docente e discente?
Ele tem que ter um viés profissional, de aplicação prática, mas também tem que ter formação acadêmica adequada. Existe dificuldade de encontrar pessoas de qualidade com esse equilíbrio de formação entre acadêmico e profissional para o corpo docente. Já no processo seletivo dos estudantes é obrigatório que haja algum tipo de interação por meio de entrevista. É preciso selecionar adequadamente os indivíduos que vão frequentar esse programa. Eles precisam ter um tempo mínimo de experiência profissional de três anos em cargo gerencial, porque boa parte de um MBA não são só aulas, mas troca de experiências entre os pares. Precisa ser garantida certa homogeneidade entre os estudantes nesse sentido. Nada contra outros programas de pós com objetivo de proporcionar uma complementação à graduação, seja para aumentar a empregabilidade ou para melhorar a atual, mas não são MBAs.
O que o profissional deve avaliar antes de escolher um MBA?
O importante é o candidato entender qual é o seu momento profissional e a partir disso definir qual é o melhor programa para ele. Pode ser um MBA, pela natureza de proporcionar uma formação mais prática e orientada para a tomada de decisão – e isso obviamente demanda uma estrutura de programa diferente. Mas nem todo mundo está nesse momento adequado para o MBA. Quem está procurando essa capacitação precisa buscar programas de escolas baseando-se na reputação, na estrutura, no programa, no conteúdo, no currículo e nas certificações. Mas o grande motivador deve ser reconhecer seu momento de carreira e sair ao mercado para saber suas opções. 
Qual é a importância dessas certificações?
Uma forma de diminuir essa procura é buscar a certificação. Elas significam que aquela instituição não teve receio de ser auditada ou avaliada por um agente externo, que visitou, observou e garantiu que o programa segue determinadas práticas que o qualificam como um programa dessa natureza.
Para você, falta foco na prática nos MBAs oferecidos hoje no Brasil? Eles estão próximos da realidade do mercado?
É difícil falar de outros programas. Mas falta esse equilíbrio entre os diversos elementos. Tem MBAs muito específicos que me pergunto onde entra o “BA”, obusiness administration. Basta fazer uma pesquisa para observar. Já vi um MBA em jornalismo investigativo, por exemplo, o que é muito curioso. O público-alvo era pessoas do ramo do jornalismo que queiram aperfeiçoar o estudo do papel da imprensa. A questão não é a qualidade do programa, a questão é que não é um MBA. Mas o nome MBA vende mais. Cadê o business?
Mas o perfil de quem faz um MBA é apenas de executivos? Quem mais pode fazer?
O programa pode acolher empreendedores, executivos de empresas com ou sem fins lucrativos e profissionais liberais – em um MBA de gestão de saúde, por exemplo, pode ter médicos. Já fiz entrevistas com candidatos empreendedores que, quando o negócio cresceu, eles precisaram contratar mais gente e queriam manter a proximidade com a execução do negócio, mas também precisavam gerenciar esse negócio. É muito mais associado à sua necessidade específica. Então não acho que seja exclusivo para executivos, apesar da maioria trabalhar em empresas. 
O que um profissional que se matricula em um MBA pode esperar do curso e de como ele vai sair dessa formação?
Ele deve esperar algumas coisas, entre elas uma experiência de aprendizagem multidimensional que ele vai desenvolver por si próprio, aprender com seus colegas e também com o professor. Em segundo lugar, ele tem que buscar equilíbrio entre teoria e prática, porque a formação de quem faz um MBA de verdade é de caráter estratégico. Então não basta ter uma receita de bolo, ele tem que conhecer os cases de sucesso, mas também entender os processos que levam ao sucesso. Também deve esperar na saída uma rede de contatos mais desenvolvida, formada por pessoas com nível semelhante ao dele. É um tripé com três elementos: visão estratégica, tomada de decisão e liderança.

FONTE: guiasdeeducação

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