terça-feira, outubro 22

Academia e setor privado precisam se aproximar para pesquisa virar produto, dizem especialistas

Em debate sobre oportunidades e riscos na área de saúde humana, convidados do 2° Fórum de Bioeconomia concordaram: é preciso mais investimento e menos burocracia


debate
Paulo Gadelha, Beni Olej, João Sanches e Reginaldo Arcuri
De forma geral, o foco do pesquisador, dentro da universidade, ainda não está vinculado ao setor produtivo. Desta maneira, a experimentação acadêmica não tem prioridade de virar produto e, assim, refletir na economia. A constatação é do médico e pesquisador da Universidade Federal Fluminense, Beni Olej. 

“A inovação gerada na universidade se perde. A recompensa acadêmica é a publicação de um artigo, de uma tese. Infelizmente, o pesquisador ainda não está focado no potencial da sua descoberta de bancada”, disse ele durante o debate “Bioeconomia para Promoção da Saúde Humana: oportunidades e riscos”, durante o 2° Fórum de Bioeconomia, em São Paulo. Dissociar o trabalho acadêmico do setor produtivo seria um dos fatores que dificultam a produção de bioprodutos na área de saúde, no Brasil.

Para o diretor de Relações Governamentais da MSD, João Sanches, que também participou da discussão, essa falta de foco não é apenas do setor acadêmico. “Esse é o momento de transformação da economia. A burocracia e o marco regulatório atual não permitem o avanço necessário e tão propício atualmente”, afirmou. Segundo ele, para a bioeconomia deslanchar em saúde humana, o país precisa responder a pergunta: “Afinal, qual a expectativa do Brasil? Queremos liderar ou ser o último vagão do trem?”, provocou Sanches.

MAIS INVESTIMENTOS - Com potencial de inovação, o setor de saúde humana tem seu alicerce firmado na ciência. A produção de novos produtos nessa área depende de pesquisas e produção de conhecimento. Consequentemente, também são necessários investimentos pesados. Porém, para o pesquisador Beni Olej, a indústria nacional precisa investir mais. 

“É preciso muito investimento. A indústria nacional não tem essa prática, não investe em P&D. Falta essa cultura”, argumentou Olej. O presidente do Grupo Farma Brasil, Reginaldo Arcuri, rebateu. “O investimento não é pequeno. As nove empresas do Grupo Farma, por exemplo, investem R$ 700 milhões por ano”, apontou Arcuri. Mas ele concordou que o Brasil ainda está em uma fase inicial. “Estamos aprendendo com os outros, como os Estados Unidos. Essa é uma fase importante, de capacitação”, ponderou.

José Augusto Fernandes
Uma fase que também depende da sensibilização do setor privado e de diálogo com o setor público, conforme salientou o diretor de Políticas e Estretégias da CNI, José Augusto Fernandes. “Realmente, nem todo o setor privado captou ainda todas as oportunidades que a bioeconomia pode trazer. Cabe à CNI promover essa sensibilização e melhorar o ambiente de negócios.  O modelo mental da indústria, dos empresários e pesquisadores precisa mudar”, afirmou. 

Para José Augusto, discutir e propor uma agenda para desenvolver a bioeconomia no país inclui o mapeamento de sonhos e descobertas. “O caminho não é o nacionalismo genético. Um modelo aberto me parece mais vitorioso. Precisamos agir e criar um ambiente institucional no Brasil que permita, acima de tudo, o florescimento das pessoas”, finalizou José Augusto.


FONTE: Portal da Indústria

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