Especialistas apontam áreas que devem oferecer boas oportunidades. Saiba por que setores podem avançar e confira carreiras que devem ser beneficiadas
Área de saúde deve apresentar crescimento de oportunidades nos próximos anos (Thinkstock)
Na semana passada, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou estudo apontando as carreiras universitárias e técnicas que registraram maior expansão no Brasilentre 2009 e 2012. Ficou a dúvida: quais terão o melhor desempenho no futuro? A pedido de VEJA.com, um time de especialistas em mercado de trabalho da Universidade de São Paulo (USP), Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ipea e de empresas de recrutamento e seleção respondeu à questão. Para eles, as profissões mais promissoras para os próximos dez anos fazem parte de quatro grandes áreas da economia que apresentam boas perspectivas de crescimento. São elas: saúde, educação, tecnologia da informação e comunicação (TIC) e engenharia. Confira a lista abaixo.
A criação de vagas nessas áreas será, é claro, influenciada pelo desempenho da economia — cujo ritmo, aliás, está longe do desejado. "A taxa de desemprego nacional, que foi de 5,5% em 2012, pode chegar aos 6% em 2013. As perspectivas de emprego para 2013-14, portanto, não são tão boas como no passado recente", afirma José Pastore, professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP.
Ainda assim, para as quatro áreas citadas, o prognóstico é positivo. Na contramão da indústria, o setor de serviços — no qual estão inseridas saúde e educação — apresenta boas perspectivas e está menos exposto a oscilações econômicas. "A área industrial é muito vulnerável à demanda externa: cerca de 20% de tudo o que produzimos é destinado ao exterior", diz Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultoria.
A FGV têm números a respeito das perspectivas a curto prazo, colhidos entre as empresas dos setores de indústria e de serviços. Enquanto o Índice de Confiança de Serviços (ICS) estabilizou em 119,4 pontos em junho, o congênere da indústria (ICI) caiu, atingindo 103,8 pontos (valores superiores a 100 expressam otimismo). "Há uma demanda forte por serviços de saúde e educação, mesmo quando o cenário econômico não é favorável", afirma Paulo Meyer, pesquisador do Ipea.
Educação e saúde devem colher ainda frutos da ascensão da chamada classe C — que, na definição da FGV, é formada por famílias com renda entre 1.734 e 7.475 reais. Estudo da instituição mostra que 40 milhões de pessoas entraram nesse grupo entre 2003 e 2011, fazendo-o saltar de 65,9 milhões para 105,5 milhões de brasileiros. "É mais gente, com mais dinheiro. E essas pessoas certamente demandarão serviços de saúde e educação. Exemplo disso são os jovens que buscam qualificação técnica ou universitária, embora seus pais possuam pouca ou nenhuma formação acadêmica", diz Eduardo Zylberstajn, professor da FGV.
Tecnologia da informação e comunicação (TIC) e engenharia têm outras razões para colher bons resultados nos próximos anos. No primeiro caso, especialistas apontam a crescente demanda por tecnologia em todos os setores da economia — de indústrias a hospitais, de escolas ao comércio. No caso de engenharia, o impulso deve vir de investimentos em setores como o petrolífero e logística.
Quatro áreas profissionais mais promissoras
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Saúde
Especialistas são unânimes em afirmar que as carreiras da área da saúde devem registrar aumento significativo do número de vagas nos próximos anos. A principal razão disso é a melhoria do padrão de vida da parcela mais pobre da população brasileira, que agora deve investir mais em produtos e serviços ligados ao bem-estar.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida do brasileiro atingiu 74,08 anos em 2011, aumento de quase quatro anos em relação a 2000. A mortalidade infantil, por sua vez, foi reduzida: passou de 19,4 óbitos para cada 1.000 nascidos vivos para 16,1.
Somam-se a esses fatores a redução da pobreza. Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de 2012 aponta que, entre 2003 e 2011, cerca de 40 milhões de pessoas ascenderam socialmente. Isso fez com que o contingente da classe C — formada por famílias com rendimento entre 1.734 e 7.475 reais — saltasse de 65,9 milhões para 105,5 milhões de pessoas. A tendência deve se manter até 2014, e a previsão é que esse grupo reúna 118 milhões de brasileiros até lá.
Com mais dinheiro no bolso, essas pessoas devem gastar mais com a saúde. Isso é perceptível, por exemplo, no crescimento de 50%, entre 2003 e 2012, no número de beneficiários em planos privados de assistência médica, conforme dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Palavra dos especialistas:
"O setor de serviços, que inclui a área de saúde, se destacou nos últimos anos, em especial depois da crise de 2008. Isso fica evidente por dados preliminares do PIB brasileiro: enquanto a indústria avançou apenas 1,4% ao ano entre 2009 e 2012, os serviços cresceram 3% ao ano no mesmo período. E tudo indica que o setor vai continuar aquecido."
Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultoria
"O setor de serviços, que inclui a área de saúde, se destacou nos últimos anos, em especial depois da crise de 2008. Isso fica evidente por dados preliminares do PIB brasileiro: enquanto a indústria avançou apenas 1,4% ao ano entre 2009 e 2012, os serviços cresceram 3% ao ano no mesmo período. E tudo indica que o setor vai continuar aquecido."
Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultoria
"Além da carência de profissionais em regiões periféricas, há déficit de especialistas com formação na área de saúde e também habilidade para a gestão de empreendimentos. De janeiro a junho deste ano, tivemos um crescimento de 20% na demanda por gestores de saúde frente ao mesmo período de 2012."
Raphael Revert, gerente da área de saúde da Michael Page, empresa global de seleção e recrutamento
Raphael Revert, gerente da área de saúde da Michael Page, empresa global de seleção e recrutamento
Profissões em alta:
Médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, técnicos em próteses, imobilizações ortopédicas, odontologia, óptica e estética, entre outras.
Médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, técnicos em próteses, imobilizações ortopédicas, odontologia, óptica e estética, entre outras.
FONTE: veja.abril
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