Especialista acredita que alunos precisam ser pacientes com inabilidade dos professores, mas que naturalmente se sentem frustrados quando escola não acompanha a tecnologia
Mesmo com o crescimento exponencial da educação a distância, muitos professores continuam sendo incompatíveis com a tecnologia na sala de aula. Ainda mais se isso significar mais trabalho e adquirir habilidades que exigem tempo e dinheiro, sem uma contrapartida da instituição em que atuam. De outro lado, os alunos estão imersos desde a infância na tecnologia e esperam que suas escolas e universidades façam parte dessa realidade digital.
Como resolver esse dilema? Em entrevista exclusiva para o Guias, o cientista e filósofo Rob Kadel, do Centro de Pesquisas de Aprendizagem Online e Rede de Inovação da Pearson EUA e professor na Universidade de Colorado, fala sobre as perspectivas em relação a esse impasse. Para ele, embora os estudantes tenham que ser mais compreensivos com a falta de familiaridade tecnológica de muitos professores, é inevitável que eles se sintam frustrados quando as instituições não estão inseridas no mundo digital.
Confira a seguir a segunda parte da entrevista (a primeira, sobre o futuro da EAD, você lê aqui).
Você vê certa resistência do tradicionalismo acadêmico às novas tecnologias?
Tem alguma resistência, porque algumas pesquisas mostraram que muitos professores acham que as tecnologias são uma distração ou um lugar para o cyberbullying. Mas eu acho que é menos resistência e mais hesitação e relutância, porque eles estão incertos sobre como usar essas ferramentas e qual é o valor delas. Eles não sabem se vão aprender a usá-las, e de qualquer forma é um investimento de tempo e dinheiro. E além de eles serem mal pagos, é mais uma coisa que vão pedir para acumularem nas suas funções.
E como isso deve se desenvolver nos próximos anos?
Isso vai mudar não só com o tempo, mas de certa forma por causa da mudança de geração: os estudantes de hoje vão ser os professores de amanhã. E hoje os alunos estão usando redes sociais, então amanhã conseguirão incorporar isso melhor como professores. Mas em parte também é como tudo está se movimentando na sociedade. Viemos de uma época em que indivíduos estavam focados em histórias individuais. Tínhamos indivíduos que costumavam trabalhar sozinhos na advocacia, e agora trabalham em equipes. Com médicos é o mesmo, passaram a trabalhar colaborativamente. Mas a educação foi dos indivíduos para os indivíduos. Ainda é sobre o sentimento individual, a necessidade que temos de controlar a sala de aula. Mas eu acho que isso vai mudar, porque vimos muitos setores mudarem. É inevitável.
Falamos muito da dificuldade para os professores, mas qual é o desafio para os alunos na EAD?
Provavelmente entender que seus professores não estão necessariamente no mesmo nível de tecnologia e redes sociais que eles, e por que alguns professores são relutantes em usar essas ferramentas. As crianças que estão hoje na educação infantil nunca vão ter conhecido um mundo sem o iPhone. Estudantes cada vez mais jovens estão ganhando seus smartphones e os professores veem isso como uma distração, mas nós vemos que os alunos não estão usando os telefones para deixar de prestar atenção, mas para pesquisar coisas durante a aula. O professor fala de um conceito que o estudante não entendeu direito, ele vai lá procurar o que é, e o professor fala para ele guardar o celular, porque quer toda a atenção dos alunos nele. Mas o aluno tem consciência de que está usando aquilo para aprender.
E isso gera uma frustração para os alunos...Os estudantes de hoje, especialmente a geração mais nova, vão ter a expectativa de que os aparelhos digitais e a informação digital vão fazer parte do seu aprendizado. Vai ser um grande desafio para eles se estiverem em uma sala em que não se pode usar essas ferramentas. Tem uma oportunidade que os estudantes esperam que os professores abracem.
FONTE: guiasdeeducacao
Como resolver esse dilema? Em entrevista exclusiva para o Guias, o cientista e filósofo Rob Kadel, do Centro de Pesquisas de Aprendizagem Online e Rede de Inovação da Pearson EUA e professor na Universidade de Colorado, fala sobre as perspectivas em relação a esse impasse. Para ele, embora os estudantes tenham que ser mais compreensivos com a falta de familiaridade tecnológica de muitos professores, é inevitável que eles se sintam frustrados quando as instituições não estão inseridas no mundo digital.
Confira a seguir a segunda parte da entrevista (a primeira, sobre o futuro da EAD, você lê aqui).
Você vê certa resistência do tradicionalismo acadêmico às novas tecnologias?
Tem alguma resistência, porque algumas pesquisas mostraram que muitos professores acham que as tecnologias são uma distração ou um lugar para o cyberbullying. Mas eu acho que é menos resistência e mais hesitação e relutância, porque eles estão incertos sobre como usar essas ferramentas e qual é o valor delas. Eles não sabem se vão aprender a usá-las, e de qualquer forma é um investimento de tempo e dinheiro. E além de eles serem mal pagos, é mais uma coisa que vão pedir para acumularem nas suas funções.
E como isso deve se desenvolver nos próximos anos?
Isso vai mudar não só com o tempo, mas de certa forma por causa da mudança de geração: os estudantes de hoje vão ser os professores de amanhã. E hoje os alunos estão usando redes sociais, então amanhã conseguirão incorporar isso melhor como professores. Mas em parte também é como tudo está se movimentando na sociedade. Viemos de uma época em que indivíduos estavam focados em histórias individuais. Tínhamos indivíduos que costumavam trabalhar sozinhos na advocacia, e agora trabalham em equipes. Com médicos é o mesmo, passaram a trabalhar colaborativamente. Mas a educação foi dos indivíduos para os indivíduos. Ainda é sobre o sentimento individual, a necessidade que temos de controlar a sala de aula. Mas eu acho que isso vai mudar, porque vimos muitos setores mudarem. É inevitável.
Falamos muito da dificuldade para os professores, mas qual é o desafio para os alunos na EAD?
Provavelmente entender que seus professores não estão necessariamente no mesmo nível de tecnologia e redes sociais que eles, e por que alguns professores são relutantes em usar essas ferramentas. As crianças que estão hoje na educação infantil nunca vão ter conhecido um mundo sem o iPhone. Estudantes cada vez mais jovens estão ganhando seus smartphones e os professores veem isso como uma distração, mas nós vemos que os alunos não estão usando os telefones para deixar de prestar atenção, mas para pesquisar coisas durante a aula. O professor fala de um conceito que o estudante não entendeu direito, ele vai lá procurar o que é, e o professor fala para ele guardar o celular, porque quer toda a atenção dos alunos nele. Mas o aluno tem consciência de que está usando aquilo para aprender.
E isso gera uma frustração para os alunos...Os estudantes de hoje, especialmente a geração mais nova, vão ter a expectativa de que os aparelhos digitais e a informação digital vão fazer parte do seu aprendizado. Vai ser um grande desafio para eles se estiverem em uma sala em que não se pode usar essas ferramentas. Tem uma oportunidade que os estudantes esperam que os professores abracem.
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