Ambiente flexível e facilidades diversas ajudam os empreendimentos a se manterem no mercado
Os primeiros anos de existência são tão importantes para novos negócios que, na metade dos casos, resultam em portas fechadas. A cada 100 empreendimentos iniciados, 48 não sobrevivem um triênio, diz o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As perspectivas de continuidade no mercado diminuem quando o alvo é a empresa de pequeno porte. De acordo com o IBGE, menos de 50% das organizações sem pessoal assalariado permanecem em funcionamento depois desse período.
Para se manter além das estatísticas, uma opção que tem provado seu valor é o apoio das incubadoras de empresas. Elas funcionam, basicamente, como os equipamentos hospitalares de mesmo nome: dão suporte aos recém-nascidos. Com ambiente flexível e facilidades diversas, oferecem às startups ferramentas para promover o crescimento e evitar a taxa de mortalidade de pequenos negócios. É o que comenta, a seguir, o coordenador do Complexo Tecnológico Unitec– unidade de negócios da Unisinos –, Carlos Aranha.
O assunto da entrevista foi escolhido pelos leitores do portal em enquete no Google Docs.
Como funciona o processo de incubação no Brasil?
Carlos – O sistema de incubação no Brasil é representado pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Segundo ela, sua missão é agregar, representar e defender os interesses das entidades promotoras de empreendimentos inovadores – em especial as gestoras de incubadoras, parques tecnológicos, polos e tecnópoles –, fortalecendo esses modelos como instrumentos para o desenvolvimento sustentado do país, objetivando a criação e o fortalecimento de empresas baseadas em conhecimento.
E no exterior?
Carlos – No exterior, existem vários modelos de incubadoras, sejam elas independentes, ou ligadas às universidades ou vinculadas a parques tecnológicos.
É possível comparar?
Carlos - É possível comparar sim. Em 2011, a Unitec, especificamente, foi considerada a segunda melhor incubadora de base tecnológica global através de uma rede internacional de incubadoras chamada The Technopolicy Network. Em 2013, em função deste prêmio recebemos a visita de um pesquisador sueco, chamado Eric Wallin. Ele identificou seis incubadoras globais e as visitou, a fim de estabelecer mecanismos de comparação entre essas incubadoras e o empreendedorismo de inovação.
De que forma a Unitec auxilia o desenvolvimento de novos negócios?
Carlos – Ela auxilia o desenvolvimento de uma startup, ou empresa inicial, em cinco pilares principais: gestão, mercado, inovação (tecnologia), capital (recursos financeiros) e – uma novidade – passamos a nos preocupar com o plano de vida do empreendedor. Os meios de interação com os empreendedores se dá através de capacitações, consultorias e assessorias realizadas pela equipe da incubadora e pelos melhores consultores de mercado que fazem parte da nossa rede de contatos. Também contamos com apoio de professores da Unisinos.
O que é preciso para se vincular a uma incubadora?
Carlos – No caso da Unitec, é necessário apresentar um plano de negócios vinculado às áreas de atuação das empresas aqui instaladas (TI, Automação, Engenharia, Semicondutores, Comunicação e Convergência Digital, Alimentação Funcional, Tecnologias Socioambientais e Energias Renováveis). O plano deve, também, apresentar alto potencial de inovação através da solução a ser desenvolvida ou no modelo de negócio implementado, ou seja, deve ser algo novo ou devidamente melhorado, que leve alto valor agregado para quem utilizá-lo e resultados para a empresa que o desenvolve. Esse plano é apresentado oralmente para uma banca composta pela equipe da Unitec, consultores e professores da Unisinos.
Existem muitas unidades prestadoras desse tipo de serviço no Brasil?
Carlos – Segundo a Anprotec, atualmente temos cerca de 400 incubadoras identificadas no Brasil. Dessas, 280 são vinculadas à associação.
Há resultados, em números, em relação à eficácia da incubação?
Carlos – De acordo o último estudo realizado, em 2011, pela Anprotec, em parceria com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Brasil possuía, na época, 384 incubadoras em operação, que abrigavam 2.640 empresas, gerando 16.394 postos de trabalho. Essas incubadoras também já graduaram 2.509 empreendimentos, que hoje faturam R$ 4,1 bilhões e empregam 29.205 pessoas. O mesmo estudo revelou outro dado importante: 98% das empresas incubadas inovam, sendo que 28% com foco no âmbito local, 55% no nacional e 15% no mundial.
E os resultados da Unitec, quais são?
Carlos – Anualmente, realizamos uma pesquisa junto às empresas incubadas. Em 2012, elas faturaram aproximadamente de R$ 4,5 milhões, empregando 113 pessoas. Tiveram um crescimento médio de 70% e colocaram 57 novas soluções no mercado.
Isso com quantas empresas?
Carlos – Hoje, temos 30 empresas na incubadora.
Em termos de geração de emprego, a incubação muda alguma coisa?
Carlos - O incubado é um importante agente de geração de empregos e desenvolvimento regional. Por estar vinculado a uma universidade, o acesso aos estudantes das áreas tecnológicas e gerenciais é facilitado. Na Unitec, temos importantes programas que aproximam os alunos das empresas, como, por exemplo, o Programa Talentos e o Eixo de Empreendedorismo.
Quais os principais desafios de uma incubadora?
Carlos – O principal desafio é oferecer um suporte de alta qualidade para que os empreendedores possam desenvolver ideias inovadoras e transformá-las em empreendimentos de sucesso.
E da empresa incubada?
Carlos – Captar as práticas desenvolvidas na incubadora (gestão, mercado, inovação, capital e empreendedorismo) e transformar em resultado, de forma a estar apto a competir com um mercado de alta tecnologia e alto valor agregado.
FONTE: PÂMELA OLIVEIRA - Unisinos
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