A carioca Carla Zeltzer queria matricular sua filha numa escola que pudesse desenvolver habilidades que preparassem a pequena para vida. E foi a partir do desencontro com tal modelo de educação que a empresária decidiu criar a Escola de Empreendedorismo Zeltzer, iniciativa que, há sete anos, busca despertar o espírito empreendedor em crianças de 8 a 16 anos, a partir de oficinas extracurriculares em escolas públicas e privadas do Rio de Janeiro. Neste ano, Carla quer ir além ao lançar uma plataforma que pretende reunir gratuitamente oficinas, games e dinâmicas de sua metodologia, oferecer cursos específicos e suporte on-line para educadores de todo o país, além de realizar atividades presenciais em escolas do estado.
Para ganhar essa escalabilidade, no entanto, o projeto foi inscrito na plataforma de financiamento coletivo Benfeitoria, para arrecadar R$ 35 mil, até 25 de setembro. “É preciso aprender a escolher o que aprender. Esse é o princípio do qual os professores devem levar aos seus alunos”, afirma Carla, que é graduada em ciências da computação.
Na plataforma, além dos conteúdos pedagógicos disponibilizados sem nenhum custo, também serão oferecidos capacitação aos professores – por meio de cursos on-line sobre empreendedorismo – e suporte pedagógico virtual – destinado aos educadores interessados em tirar dúvidas ou receber dicas sobre uma oficina ou jogos específicos. Os dois últimos, no entanto, são pagos. Cada curso custa R$ 10 e o suporte pedagógico, no máximo, R$ 30 por mês. “Os professores precisam se munir de mais ferramentas para levar essa educação empreendedora, que deveria ser integrada ao currículo básico”, afirma.
O modelo de ensino criado por ela parte de sete habilidades empreendedoras: iniciativa, criatividade, planejamento, trabalho em equipe, comunicação, negociação e determinação. Esses conceitos são trabalhados por meio de oficinas em sala de aula. Entre elas, as de empreendedorismo pelo esporte, empreendedorismo social, de negócios e de projeto profissional e de geração de renda para comunidades.
“Eles aprendem a empreender de maneira natural, a partir de situações-problema, sem que saibam do conceito X ou Y”
De acordo com Carla, é preciso criar, desde cedo, ambientes que estimulem os estudantes a apostarem em suas ideias, projetos e sonhos. “É mostrar para ele como isso aqui funciona, na prática. Fazê-lo viajar na sua imaginação. A escola, infelizmente, ensina de uma forma quadrada. ‘Ah, o aluno não pode fazer isso, ou aquilo. Não pode colocar a cadeira assim ou assado’”, afirma.
Uma das oficinas que Carla ensina na plataforma, por exemplo, é a chamada de Naufrágio. Nela, os alunos, em grupo, são náufragos que precisam buscar formas para sobreviver aos perigos e dificuldades do isolamento. Assim, são estimulados à criatividade, ao trabalho cooperativo e ao empreendedorismo, uma vez que precisam criar “cabanas” e uma “embarcação” a partir somente de latinhas de alumínio e palitos de madeiras. “Eles aprendem a empreender de maneira natural, a partir de situações-problema, sem que saibam do conceito X ou Y”, diz Carla, que desde o ano passado leva a metodologia a 20 instituições de ensino do Rio.
O trabalho nas escolas acontece em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. Em período extracurricular, as atividades já chegaram a 2.000 estudantes e 200 educadores. “Os estudantes aprendem a reconhecer suas habilidades e durante o percurso os professores conseguem avaliar a evolução dos alunos”, finaliza.
Assista ao vídeo sobre a Escola de Empreendedorismo Digital:
FONTE: porvir