Estudo mostra que apenas 11,5% dos empresários brasileiros, ou 37 milhões de pessoas, concluíram o ensino superior
O Brasil ocupa a quarta posição entre 67 países em relação ao número de empreendedores, mas são poucos aqueles que decidiram estudar antes de empreender. O estudo Empreendedorismo no Brasil, feito pelo Global Entrepreneuship Monitor (GEM), mostra que apenas 11,5% dos empresários brasileiros, ou 37 milhões de pessoas, concluíram o ensino superior.
A explicação é simples: ainda há no País a percepção de que não é preciso estudar para empreender. Além disso, os cursos ofertados deixam a desejar. “As universidades estão distantes da realidade. Nos países mais inovadores, a relação entre universidade e empresa é muito mais próxima do que no Brasil”, diz Luiz Barreto, presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
O mestrando em Educação de Negócios pela New York University, Thiago de Carvalho, de 32 anos, que atuou durante 7 no Centro de Empreendedores do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), concorda. “As escolas não foram criadas para quem tem perfil empreendedor: elas estão voltadas para colocar o pessoal no mercado de trabalho.”
Diferentemente do que ocorria no passado, hoje o empreendedorismo é visto como uma opção de carreira, afirma o coordenador do Centro de Empreendedorismo da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), Tales Andreassi.
O fato de grandes empresas não oferecem as mesmas vantagens de alguns anos atrás explica parte da escolha. Além disso, o grande número de pessoas que empreende e é bem-sucedida é um incentivo. “Hoje é mais fácil (abrir um negócio) porque não é preciso ter uma estrutura externa. Os mecanismos de apoio ao empreendedor são mais bem estruturados”, diz Andreassi.
O diretor de operações Marcos Simões, da Endeavor, entidade que promove a cultura empreendedora no País, também vê a mudança no perfil do empreendedor. “Antes, era o cara que não tinha conseguido um emprego e abria um negócio por necessidade. De uns anos para cá, ganhamos consciência do empreendedorismo por oportunidade, com uma visão de longo prazo. Tem gente que poderia estar no mercado, com um salário mais alto, mas abdica por apostar em uma ideia”, diz.
Como poucos estudantes entram na universidade já de olho no próprio negócio, há cada vez mais cursos extracurriculares que miram essa lacuna deixada pela graduação. Eles capacitam os empreendedores incutindo atitudes pessoais que potencializem o negócio. “As habilidades empreendedoras não são técnicas, mas essencialmente comportamentais”, diz o empresário Renato Santos, de 39 anos, 18 deles como consultor do Empretec, curso desenvolvido pelas Nações Unidas (ONU) e ministrado no País pelo Sebrae. “O foco da universidade é preparar especialistas, enquanto o empreendedorismo demanda generalistas.
Pós. No Brasil, a procura pela educação formal acaba sendo absorvida pelos cursos de pós-graduação. Foi o que fez o designer carioca Anderson Cabral, que descobriu seu tino empresarial ao vender camisetas estampadas para driblar a falta de dinheiro durante a universidade. Na época, ele ainda não sabia que se tornaria um empresário nem que precisaria de formação específica.
“Como nunca havia trabalhado em nenhum lugar, fiquei limitado a entender o funcionamento de uma empresa”, afirma Cabral, de 42 anos, que buscou uma especialização em Marketing Digital. Hoje, ele, que é dono de uma agência de design e marketing, considera a educação fundamental para o empreendedor.
10 dicas para chegar lá
1. Demanda. Identifique possíveis negócios de sucesso. Além disso, investigue a necessidade das pessoas.
2. Riscos. Calcule sempre as chances de sucesso e fracasso. É preciso aprender a conviver com o risco.
3. Persistência. Insista, sempre, para alcançar os objetivos definidos.
4. Comprometimento. Coloque seu objetivo maior na frente dos outros. Foque sua energia nele.
5. Eficiência. Exija de si mesmo mais do que cobra dos outros. Isso vai inspirar toda a sua equipe.
6. Informação. Empreender é ser um curioso profissional. É necessário se informar e perguntar antes de tomar as decisões.
7. Metas. Antecipe hoje os resultados que você quer conquistar amanhã.
8. Planejar e monitorar. Sonhe o que você quer alcançar e desenhe o caminho que precisa ser percorrido.
9. Persuasão e contatos. Aprenda a convencer os outros. Estabeleça uma rede de contatos que possa ser acessada quando necessário.
10. Autoconfiança. É uma característica derivada das outras nove. Acredite em si mesmo e no seu potencial. Transmita credibilidade e inspire outras pessoas.
FONTE: estadao
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