Vilã da produtividade ou impulso da criatividade? Os efeitos da desorganização no local de trabalho provocam opiniões contraditórias. Na dúvida, melhor evitar papéis caindo móvel abaixo
Duas pesquisas recentes apontam caminhos distintos sobre os efeitos da organização (ou não) na mesa de trabalho. A primeira, do site americano de empregos Careerbuilder, divulgada em julho, mostrou que 28% dos gestores têm um pé atrás em promover o funcionário que não mantém em ordem seu espaço na empresa. A má impressão causa a sensação de que a pessoa seria desorganizada em tudo na vida.
Já cientistas da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, concluíram que os colaboradores capazes de trabalhar em mesas limpas e arrumadas se conformam com convenções, optam por dietas saudáveis e são mais generosos. Os colegas bagunceiros, em compensação, são mais criativos, conseguem se libertar das tradições e defender novas ideias. O estudo foi publicado no periódico Psychological Science.
Na dúvida, melhor uma mesa mais para ajeitada do que com pilhas de papel escorregando móvel abaixo. A preferência das empresas pela organização reflete-se no aumento pela procura de personal organizers, profissionais que colocam cada bagunça em seu devido lugar. “Em cinco anos, houve um aumento de 45% no número de corporações que buscam meus serviços”, diz a consultora de organização Eliete Teixeira, fundadora da Organize-se. O treinamento é voltado especialmente para os jovens em início de carreira.
Com experiência de dez anos na função, Eliete diz que a chefia considera, sim, a bagunça na mesa um vilão da produtividade. “A pessoa pode até saber em que lugar as coisas estão, mas demora mais pra encontrar um documento solicitado, por exemplo.” Mesmo quando a companhia faz questão de que os empregados enxerguem o local como uma segunda casa e liberem a personalização da mesa é importante bom senso.
“Bichinhos de pelúcia e adesivos fofos estão fora de cogitação”, diz Eliete. “80% das empresas não gostam.” Um vaso pequeno com planta e uma foto da família são bem aceitos – desde que ninguém cole um mural de momentos especiais da própria vida e cultive um jardim entre planilhas e computador. O uso de objetos úteis, mas descolados, também depende da filosofia da corporação.
Quem trabalha em home office pode decorar o espaço de trabalho de uma maneira peculiar e pessoal. “Sem esquecer que enfeites nunca podem atrapalhar a dinâmica do serviço”, afirma Eliete.
FONTE: epoca.globo
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