Pesquisa Pintec analisou 128 mil empresas brasileiras entre 2009 a 2011. Queda é atribuída à retração da economia em 2009
A retração da economia brasileira em 2009, que levou a uma queda de 0,3% no Produto Interno Bruto naquele ano, ajudou a arrefecer o desempenho inovador das empresas brasileiras, mostra a 5ª Pesquisa de Inovação – Pintec 2011, divulgada hoje (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que traz informações sobre o período de 2009 a 2011. De um universo pesquisado de 128.699 empresas, 45.950 implementaram no período produtos ou processos novos ou bastante aprimorados, o que corresponde a uma taxa geral de inovação de 35,7%. O resultado é inferior ao da Pintec anterior, relativa ao período de 2006 a 2008, que registrou taxa de inovação de 38,1% – e ligeiramente maior que os 34,4% obtidos na pesquisa com dados de 2003 a 2005.
No caso das indústrias, que representam 90% das empresas inovadoras identificadas pela Pintec, a taxa de inovação foi de 35,6%, menor que os 38,1% da pesquisa de 2008. Nesse universo, a maioria é de empresas que inovaram apenas em seus processos internos (18,3%), seguidas pelas que inovaram tanto em produto quanto em processos (13,4%). As demais 3,9% inovaram só em produtos. Já na Pintec de 2008, a predominância era de empresas inovadoras ao mesmo tempo em produtos e processos. “A queda na inovação de produtos provavelmente está ligada ao aumento da aversão a riscos e à deterioração de expectativas dos empresários”, diz o gerente da Pintec, Alessandro Pinheiro. “Em alguns setores, como da indústria têxtil, siderúrgica e de papel, também há uma queixa sobre a desarticulação de cadeias produtivas causada pela concorrência da China”, afirma.
Entre as indústrias extrativas, 18,9% são inovadoras, enquanto o percentual entre indústrias de transformação chegou a 35,9%. Entre empresas do setor de eletricidade e gás, incluídas pela primeira vez na Pintec, 44,1% revelaram-se inovadores. Entre as empresas de serviços, o índice de empresas que inovaram foi de 36,8%.
Segundo Pinheiro, a queda da taxa de inovação contrasta com indicadores da Pintec que apontam um aumento das atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) das empresas brasileiras. O investimento total das empresas em atividades inovativas em 2011 foi de R$ 64,9 bilhões, sendo 30,8% (R$ 19,9 bilhões) gastos nas atividades internas de P&D. Quando se compara o percentual do dispêndio nas atividades internas de P&D em relação à receita líquida de vendas na indústria, observa-se um avanço de 0,62%, em 2008, para 0,71%, em 2011. As indústrias inovadoras com atividades internas de P&D passaram de 4,1% em 2008 para 5% do total em 2011. O número de pesquisadores atuando em atividades de P&D nas empresas foi de 55,8 mil, contra 45,3 mil da pesquisa de 2008, ainda que a comparação seja prejudicada pela inclusão de empresas de novos setores na Pintec 2011. “É possível que esse esforço, que demonstra um aumento da preocupação das empresas com a inovação, produza frutos nas próximas edições da Pintec”, afirma.
Também foi observado um movimento de migração de pessoal ocupado de forma exclusiva em atividades de P&D nas indústrias para dedicação parcial. A participação das pessoas com dedicação exclusiva passou de 76,3%, em 2008, para 65,1%, em 2011. Em contrapartida, houve aumento da participação das pessoas ocupadas parcialmente de 23,7% para 34,9% no mesmo período. Nas empresas de eletricidade e gás, a maior parte do pessoal ocupado nas atividades de P&D se dedicou de forma parcial (83%). “Isso segue uma tendência internacional, na qual a atividade de P&D é exercida em redes de colaboração e conta com pessoal atuando de forma mais flexível”, diz Pinheiro.
Outro indício de que mais empresas estão mais mobilizadas para fazer pesquisa e desenvolvimento foi o avanço da queixa sobre a falta de pessoal qualificado no ranking de gargalos à inovação. No caso da indústria, o problema era o sexto mais relevante no período de 2003 2005. Passou a ocupar a terceira posição no período 2006-2008. Já na Pintec 2011, foi o segundo mais importante para a indústria: 72,5% delas atribuíram importância alta ou média à falta de pessoal qualificado, obstáculo apenas superado pelo custo de inovar, apontado por 81,7% das empresas do mesmo segmento.
Assim como foi registrado nas pesquisas anteriores, a Pintec 2011 mostra que o padrão de inovação das empresas baseia-se principalmente no acesso ao conhecimento tecnológico por meio da compra de máquinas e equipamentos, atividade considerada de importância alta ou média para 73,5% das empresas inovadoras. Em seguida, aparecem atividades como treinamento (59,5%) e compra de software, considerada de média ou alta relevância para 33,2% das empresas. Enquanto a aquisição de máquinas e equipamentos é a mais relevante para 75,9% das indústrias, no setor de serviços o destaque é o treinamento, considerado a atividade mais importante para 57% das empresas. Já no recém-incluído setor de eletricidade e gás, as atividades relacionadas a treinamento e aquisição de software se revelaram as mais relevantes para, respectivamente, 67,6% e 65,5% das empresas.
FONTE: FAPESP
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