segunda-feira, dezembro 16

Estudo diz que racismo e preconceito podem influenciar compras online

Estudo revela que pessoas que usam sites como o eBay 

pra fazer compras associam características a perigo


Anúncios de classificados digitais anunciados por pessoas negras ou tatuadas têm mais dificuldade de conseguir vender seus produtos porque os consumidores são menos propensos a adquirir produtos oferecidos por elas. A afirmação é resultado de um estudo da Universidade de Virginia, nos Estados Unidos, publicado recentemente no Economic Journal, periódico da Royal Economic Society, organização do Reino Unido dedicada a realizar pesquisas sobre economia, serviços públicos e indústria.


Os pesquisadores realizaram um experimento de um ano vendendo iPods em cerca de 1.200 anúncios online que eram exibidos para consumidores de 300 localidades nos Estados Unidos, de pequenas a grandes cidades. Eles testaram o preconceito racial entre os compradores, apresentando fotografias do iPod da Apple, todos iguais: prateados, 8GB, “modelos atuais” da versão nano do dispositivo, descrito como novo em uma caixa fechada, que estava sendo vendido porque o anunciante não queria mais o produto.

Os anúncios variavam apenas nas características do "vendedor": homens negros, brancos ou brancos com tatuagens no pulso. O experimento revelou que os negros tiveram muito mais dificuldade do que os brancos. Os negros receberam 13% a menos de respostas, 18% a menos de ofertas e, quando recebiam ofertas, eram até 12% mais baixas em comparação ao caso dos brancos. Segundo a pesquisa, os resultados foram semelhantes em magnitude em relação aos anúncios feitos por um vendedor branco que tinha uma tatuagem.

Além disso, os pesquisadores também descobriram que os compradores apresentavam uma postura muito maior de desconfiança em relação aos negros. Os interessados eram 17% menos propensos a revelar seus nomes, 44% tendiam a aceitar uma proposta de entrega pelo correio e 56%, a expressar preocupação sobre como fazer um pagamento de longa distância. “Ficamos realmente impressionados ao encontrar tanta discriminação racial”, diz o professor da Universidade de Virginia, Jennifer Doleac, coautor do estudo.

Discriminação estatística”

Embora os pesquisadores não estivessem das características raciais do potencial comprador, Doleac afirma que a pesquisa fez questão de deixar evidente a raça ou cor da pele do vendedor, bem como as tatuagens. Os resultados também variaram de acordo com a região do país. A pesquisa mostrou que, em média, os vendedores negros se saíram melhores em áreas onde uma parcela maior da população local era negra, o que sugere que os compradores podem ter uma preferência pelos vendedores que são da própria raça ou cor da pele.

Os pesquisadores também descobriram que os vendedores negros tiveram muito mais dificuldades em regiões que têm maiores índices de criminalidade associados a pessoas negras e habitações mais segregadas racialmente, sugerindo que pelo menos parte da explicação do resultado é “discriminação estatística”. Na prática, isso acontece quando a raça é usada como padrão para características negativas não observáveis, tais como o perigo potencial envolvido na transação ou a possibilidade de que o iPod pudesse ser roubado, e não necessariamente discriminação “baseada no gosto”.

“Os compradores podem não estar tentando evitar a compra de vendedores negros por si só, mas tentando evitar outra coisa que eles acham que está correlacionada com a raça: se dirigir a um bairro perigoso, comprar bens roubados etc”, afirma Doleac. “Isso sugere que o fornecimento de mais informações (por exemplo, pontos de encontro centrais, garantias de compra ) pode reduzir as disparidades raciais nos resultados”.

FONTE: Mashable.com

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