sexta-feira, outubro 17

PME: Ideias que vêm e que ficam


Ilustração de pássaros saindo da cabeça




De onde vêm as bo­as ideias? Mais do que isso, o que é uma boa ideia? E como se faz para transformar uma ideia numa grande empresa, da magnitude de algumas das que vemos hoje, com milhões de clientes? Muita gente pensa que uma ideia brilhante é o começo de tudo. Depois, sorte.
Na prática, é bem diferente. Ideias brilhantes voando por aí são um mito. Toda empresa parte de uma hipótese — a de que aquilo que se deseja criar é capaz de suprir a necessidade de alguém. É o início de um caminho igual ao do método científico, que aprendemos na escola. Comece com uma hipótese. Teste-a. Se for correta, continue construindo em cima dessa hipótese com mais hipóteses, que também deverão ser testadas.
Quando uma hipótese se mostrar incorreta, descarte-a — mas aproveite as informações adquiridas no teste para dar o próximo passo com mais firmeza. Repita tudo de novo, siga com prudência e meça o resultado.
Não é romântico. Não há fórmula mágica. Não há atalhos. Não há uma resposta certa — principalmente para quem está criando algo realmente inovador, pois se está lidando com hipóteses para as quais ninguém tem as respostas ainda. Cabe a você encontrá-las, com muitas tentativas e erros.
Os negócios dirigidos por pessoas com paixão pelos detalhes e que decidem cada aspecto com um propósito são os que realmente crescem. É assim em todos os níveis — ao testar o posicionamento do produto para deixar mais clara sua proposta de valor ou nos testes para escolher o melhor ícone para um aplicativo móvel.
Quase todos os empreendedores que conheci começaram com uma ideia inicial que julgavam ser muito boa. Porém, testando suas hipóteses viram que havia maneiras diferentes de encontrar soluções para os problemas que queriam resolver. E, muitas vezes, isso implicava substituir a ideia inicial por outra.
O caminho da tentativa e erro é o caminho do aprendizado. Assim como ninguém normal acumula um grande conhecimento do dia para a noite, o crescimento de uma empresa não acontece de repente. Só vem depois de muito tempo, geralmente anos, de bateção de cabeça até achar o rumo ideal.
Para que seus projetos se realizem, tenha um método para testar suas hipóteses e revelar as corretas. Siga em frente com elas. Acredite em resiliência — e não em sorte. Acredite em transpiração — e não em inspiração.
Bel responde
Mande sua dúvida para cantinhodabel@abril.com.br. As perguntas são selecionadas por Exame PME e podem ser resumidas por razões de clareza ou espaço.
Muitos de meus parentes não acreditam em meu negócio. O que devo fazer?
Auro Paes | Paes Eco Car — Americana, SP

Ninguém sabe o que é melhor para você. Na verdade, nem você sabe. Mas pelo menos você sente, todo dia, em sua pele e em seu coração, o que cada decisão tomada representa. Vira e mexe, pessoas de fora querem dar opi­niões sobre nossos projetos. E muitas vezes fazem isso com as melhores intenções. Mas cada um tem sua cultura, sua maneira de ver o mundo, suas expectativas e seus sonhos.
O importante é você estar em paz com suas decisões para poder se concentrar em obter resultados. É a única coisa que cala as críticas. Mas, se os resultados estão demorando demais para aparecer, é preciso investigar as razões — e aí devemos ouvir a opinião de terceiros, porque às vezes há muito bom senso nela.
Você diz que as críticas constantes de parentes refletem no lado emocional, o que é compreensível. Mas entenda que nunca existirá um projeto que agradará a todos.
Como recrutar pessoas mais engajadas e diminuir a rotatividade?
Tatiane Lobato | Magic Clean — Osasco, SP

Recrutar e formar profissionais são as partes mais desafiadoras da criação de um negócio. Parte do segredo para uma rotatividade mais baixa está em criar um processo de seleção coerente com a cultura da empresa. Para diferenciar um candidato do outro, as grandes empresas transformaram tudo em filtros.
A faculdade, por exemplo, é um filtro. Mas eu penso diferente. Nem sei o nome das faculdades cursadas por quem trabalha em minha empresa, a FazINOVA. Mapeei o que realmente importa para nossa cultura. Assim, concentrei-me em tentar entender quais são os sonhos das pessoas e suas habilidades comportamentais.
Todo recrutamento aqui é baseado nisso. Criei até um site (www.desafiodosherois.com.br) com desafios que retratam o tipo de pessoa que buscamos. Alguns candidatos vão se identificar com isso. Outros, não. É um filtro mais relevante do que os convencionais — no caso da FazINOVA­.
É fundamental também ser o mais honesto possível com o candidato. Deixe muito claro o que você espera dele e pergunte o que ele espera da empresa. Esse é outro filtro que ajuda a evitar decepções que poderiam não ter existido se houvesse mais diálogo desde o início.
Vejo oportunidades onde ninguém mais vê. Como saber onde empreender?
Darley Santos | Belo Horizonte, MG

Para quem é cheio de ideias, um dos maiores desafios é manter o foco. Por isso, um dos valores mais preciosos para qualquer empreendedor é saber tomar decisões. Escolher o setor no qual quer trabalhar pode parecer difícil, mas é apenas uma decisão entre tantas que serão necessárias. Essa escolha deve estar ligada a seu entendimento de por qual caminho você lutará com mais energia.
No meu caso, sei muito bem o que pesa na balança em um projeto — potencial de crescimento como ser humano (para mim mesma) e potencial de impacto (para os outros). Faço minhas escolhas sempre respeitando esses parâmetros. Pode ser que você decida por um setor, aprenda mais conforme comece a trabalhar nele e decida mudar.
Não é um problema — desde que o aprendizado seja rápido para mudar rápido. Independentemente do mercado, é preciso ter um projeto. E não trave na decisão do que fazer. Você verá que é melhor uma escolha com uma ponta de incerteza do que não fazer escolha nenhuma.


FONTE: Exame

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