Comportamento multiplataforma já é realidade para a maioria dos brasileiros, mas empresas ainda precisam aprender a gerar boas experiências no mobile commerce
Em vez do cartão de crédito de plástico, o celular pode se tornar uma das principais formas de pagamento no Brasil. O desenvolvimento do mercado nacional de mobile payment é uma das tendências no setor de mobile para os próximos anos. A estimativa é que a quantidade de usuários desse tipo de serviço no país chegue a 80 milhões em 2018. Dois anos atrás, o número era de 500 mil pessoas, segundo a consultoria Frost & Sullivan. Com a publicação da lei que regulamenta o setor em outubro do ano passado, o governo espera a inclusão de quase 40% da população que está fora do sistema bancário atualmente.
No índice criado pela Mastercard para medir o quanto cada país está preparado para adotar o mobile payment, o Brasil aparece em 16º lugar entre 34 países, com 33,4 pontos. A classificação vai de zero a 100 e considera mais de 50 variáveis como a aceitação dos consumidores quanto aos três tipos de serviços móveis (m-commerce, transferência de valores entre celulares e pagamento no ponto de venda via celular), regulamentação, infraestrutura de telecomunicações e de Near-Field Communications (NFC), eficiência e penetração de serviços financeiros. O ranking é liderado por Singapura com 45,6, Canadá com 42,0 e Estados Unidos com 41,5.
Além da oferta de infraestrutura, a adoção do pagamento móvel também passa pela questão cultural. “Começamos com isso em 2013, mas ainda é pouco. Esse ano o serviço ganhará mais força. E a mudança será de um jeito que ninguém vai sentir, como no caso da compra de ingresso para o cinema ou na escolha de um táxi. Quando fomos perceber, já estaremos comprando tudo pelo celular. Acredito nisso para o final de 2014”, comenta Felipe Wasserman, Professor da ESPM, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Brasileiros multiscreen
O comportamento multiplataforma já é uma realidade no país. Cerca de 52% da população assiste à televisão e acessa a internet ao mesmo tempo e 68% veem televisão e utilizam smartphones simultaneamente. A maior parte da exposição das pessoas às mídias é através de multiplas telas, com 69%. Outros meios como rádio, jornal e revista ficam com 31%. Por semana, a média de tempo em frente ao computador é de 26 horas. A televisão fica com 19 horas, o smartphone com 13 horas e o tablet com 11 horas, de acordo com a pesquisa do Google Brasil feita pela Ipsos.
Entre os internautas, 63% utilizam duas telas e outros 30% acompanham três telas concomitantemente, o que equivale a 31 milhões de pessoas. Se comparado à Inglaterra com 17 milhões, o número é praticamente o dobro. Dentre os brasileiros que acessam três telas, 27% compram na web e mais de 30% utilizam mais de um dispositivo para concluir negócio.
O foco cada vez maior no multiscreen também é visto como tendência para 2014. “Grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas aceleram o investimento em infraestrutura digital, o que talvez só viesse a se consolidar em 2020. É o aumento da mobilidade com o 4G e o multiscreen ‘always on’”, diz Marcelo Coutinho, Professor da FGV, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Aprendizado para m-commerce
O m-commerce é um mercado que tende a crescer ainda mais nos próximos anos e que pode obter ainda mais espaço se aproveitando dos períodos “ociosos” do consumidor. “A compra no mobile é o melhor dos mundos porque o consumidor aproveita o tempo quando está na fila ou no ônibus. Uma mulher está no cabelereiro, vê uma bolsa, reconhece a marca e, enquanto espera a vez de ser atendida, consegue encontrar a bolsa no site com o mínimo de dor de cabeça. É a compra por impulso”, exemplifica Horacio Soares, Professor da FGV, em entrevista ao Mundo do Marketing.
As empresas, no entanto, têm muito a aprender quanto à geração de experiências em dispositivos móveis, já que o processo de compra ainda é difícil. “A maioria dos sites brasileiros obriga o consumidor a fazer cadastro. Nos Estados Unidos, eles dão a opção de compra como convidado. No mobile, cada elemento a mais é uma dor de cabeça para o usuário, então, quanto menos campos, melhor. Se aquela mulher no cabelereiro tiver que preencher um cadastro gigantesco, ela pode acabar deixando para adquirir o produto em casa. Aí, a chance de perder o cliente é gigante”, diz.
A criação de apps pode ser interessante se houver um real motivo para isso. “Em 90% dos casos, um site mobile e responsivo é muito mais eficiente e barato do que um aplicativo. Nem todo mundo pode baixar apps de várias empresas, enquanto basta ter um navegador para acessar qualquer site”, compara.
Holografia, relógios e óculos inteligentes
Para 2014, os smartphones terão telas mais finas e curvas e a holografia terá um crescimento significativo. “A tecnologia para os celulares já existe, só falta ser lançada. Em outras Copas do Mundo, já foi possível ver por holografia em outros estádios. Isso vai virar realidade principalmente em Marketing. Já existem aplicativos que fazem isso, a questão é como fazer sem um app”, comenta Felipe Wasserman, Professor da ESPM.
Com a venda de relógios e óculos inteligentes, as holografias serão, provavelmente, ainda mais reais. “Não acho que o Google Glass vai estourar em 2014, porque as pessoas não estão acostumadas a este tipo de dispositivo e ele é muito visível. Isso seria uma mudança muito intensa. Acredito que a adaptação demorará um pouco mais. Já o smartwatch seria incorporado mais facilmente como um novo paradigma e pode mudar nossa visão médico-paciente, por exemplo. Imagina saber como está o seu colesterol ou glicose com apenas um toque na pele?”, prevê.
FONTE: mundodomarketing
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