De mãos quase atadas até que novas baterias cheguem ao mercado, grandes fabricantes inovam para frear consumo de energia em dispositivos móveis
Enquanto baterias mais avançadas que as de íons de lítio não chegam ao mercado, os fabricantes de smartphones tentam minimizar os transtornos da carga limitada das baterias. Recursos que facilitam o desligamento da conexão Wi-Fi e Bluetooth e dividem o processamento de um aplicativo entre vários núcleos do chip têm se tornado atributos comuns dos smartphones mais avançados.
“Em cada atualização de software é possível ver que os fabricantes otimizam um pouco mais o consumo da bateria”, diz Renato Franzin, pesquisador do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Universidade de São Paulo (USP). No iOS 7 , nova versão do sistema operacional da Apple, o sistema ganhou uma central que permite controlar o brilho da tela, além das conexões do smartphone, recursos que impactam diretamente no consumo de energia.
Alguns outros fabricantes, no entanto, tentam ir além. Os smartphones mais recentes da Motorola, por exemplo, ganharam um aplicativo chamado SmartActions, criado para ajustar as configurações do aparelho com base em rotinas criadas pelo próprio usuário. Presente em toda alinha Razr , o aplicativo pode ativar automaticamente o modo silencioso quando o usuário chega ao trabalho, por exemplo.
Ao chegar em casa, o SmartActions “entende” que o usuário não precisará mais do GPS e da conexão de dados 3G, já que conectará o smartphone a internet por meio de uma rede Wi-Fi. “O usuário deve cadastrar a localização do usuário no aparelho por meio do endereço ou mesmo registrando a localização atual”, explica Amauri Souza, gerente de produtos da Motorola Mobility.
De acordo com a Motorola, o aplicativo também sugere novas configurações automáticas, de acordo com seu comportamento de uso. Se o usuário sempre inicia o aplicativo de músicas e mapas e liga a conexão Bluetooth ao entrar em seu carro pela manhã para ir ao trabalho, ele identificará o padrão e sugerirá ao usuário que estas ações sejam automatizadas.
Modo de espera
A partir do lançamento do Xperia ZQ , a Sony também adicionou um modo de economia de bateria chamado Stamina aos smartphones. Após ser ativada no Android, a função desativa todas as conexões de dados do aparelho quando ele estiver em modo de espera (stand-by), mas mantem o celular pronto para receber chamadas de voz e mensagens de texto (SMS).
É possível selecionar em uma lista alguns aplicativos para manter ativos, como o cliente de e-mails e Facebook ou WhatsApp. Dessa forma, o usuário não perde notificações de mensagens recebidas.
Ao desbloquear a tela do smartphone, todas as conexões e aplicativos que estavam em segundo plano voltam a funcionar automaticamente. “O Stamina reduz o consumo do smartphone em stand-by como acontece numa geladeira, quando a porta está fechada”, diz Ana Peretti, diretora de marketing da Sony Mobile para o Brasil. De acordo com a empresa, o modo Stamina permite aumentar a autonomia de bateria em até quatro vezes (em stand-by).
Processamento dividido
Além das melhorias de software, a maioria dos fabricantes de smartphones e tablets aposta emprocessadores com mais núcleos para melhorar o desempenho dos novos smartphones e tablets. “Em dispositivos móveis, o uso de chip com mais núcleos também ajuda a aumentar a autonomia de bateria”, diz Franzin, da USP.
Os chips com mais núcleos permitem que o sistema operacional divida as tarefas, o que reduz o tempo para executar uma solicitação e também demanda menos energia.
Desde o início de 2012, diversos smartphones com chips de dois ou mais núcleos chegaram ao mercado, entre eles o Optimus G , o iPhone 5 e o Galaxy S4 – este último foi o primeiro a ter uma versão com chip de oito núcleos.
Além de aumentar o número de núcleos, os fabricantes de chips tentam reduzir o consumo de energia em dispositivos móveis. A NVidia, fabricante o chip Tegra 3, oferece um núcleo adicional, de baixo consumo para manter os aplicativos rodando em segundo plano. Já a Qualcomm, com o Snapdragon S4 Pro, reduziu a temperatura de operação do chip. “Ele possibilita um gasto de energia 40% menor no Optimus G”, diz Bárbara Toscano, gerente-geral de marketing para celulares da LG do Brasil.
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