quarta-feira, novembro 26

Liderança: como nascem os líderes


Desorganizados, perdidos,sem propósito, herdeiros folgados. É dessa maneira que mui­tos executivos acima dos 40 anos de idade - as gerações X e baby boomer - costumam caracteri­zar os líderes da nova "geração Face­book". Com a alta rotatividade de jo­vens no mercado de trabalho, é comum ouvir reclamações de gerentes expe­rientes sobre o comportamento, o des­preparo e a falta de comprometimen­to dessa nova geração.


Os receios que podem existir sobre os jovens na faixa dos 20 e poucos anos, no entanto, são desfeitos ao folhear as páginas do livro Passion and Purpose: Stories from the Best and Brightest Young Business Leaders ("Paixão e pro­pósito: histórias dos melhores e mais brilhantes jovens líderes de negócios", numa tradução livre), publicado recentemente por John Coleman, Daniel Gulati e W. Oliver Segovia, todos gra­duados pela Harvard Business School. Munidos de entrevistas com executivos sêniores e de pesquisas com MBAs das melhores escolas americanas, os autores oferecem uma nova perspec­tiva sobre como os jovens líderes de hoje irão desenhar o futuro, transformando negócios e redefinindo a liderança em todo o mundo.



Em vários aspectos, os novos líderes estariam mais preparados do que os baby boomers quando tinham a mesma idade. Com a profusão de MBAs e cursos de pós-graduação, essa nova geração de líderes de negócios é a mais
educada de toda a história. Como consequência, sua alta qualificação traz um novo conjunto de valores para a mesa de decisões. Produzir de maneira consciente e sustentável nunca foi tão importante. A mesma coisa pode ser dita sobre liderar de maneira inte­gral, um princípio que leva em conta não apenas a transformação de empre­sas e negócios mas também vidas e sociedades. Além da educação formal, eles têm forte inclinação a aprender na prática, criando valor com base em experiências em diversos campos do conhecimento. Nesse quesito, a van­tagem seria que, apesar de jovens, eles são vividos. Em sua curta experiência de vida, puderam testemunhar even­tos importantes da história, como a última crise financeira mundial. A chance de aprender com erros como esse, na visão dos autores, também colabora para enriquecer ainda mais sua visão de mundo.



Se é verdade que líderes como esses nunca existiram antes, também é pre­ciso notar que os desafios enfrentados por eles são outros. Como essa nova geração vai conseguir equilibrar segu­rança energética com sustentabilidade? Como catapultar as inovações com saú­de que nos permitam viver mais, com todos os custos que isso implica? Como oferecer ao restante dos habitantes do planeta o estilo de vida que 1 bilhão tem hoje em dia, diminuindo, ao mesmo tempo, seu impacto ambiental?



É certo que os jovens líderes terão papel fundamental em ajudar organi­zações a navegar em mercados globais cada vez mais incertos, além de apro­veitar novas oportunidades em regiões do mundo ainda pouco exploradas. Entre muitas histórias, o livro conta o caso da americana Katie Laidlaw, uma jovem consultora do Boston Consul­ting Group. Como muitos jovens de sua geração, ao mesmo tempo que de­senvolvia habilidades de lideranca, Katie queria viver jornadas intercionais em projetos que criassem ri­queza de forma sustentável. Suas ex­periências a levaram à Tanzânia em um estágio de verão para um projeto desenvolvido pela Technoserve, organização americana sem fins lucrativos e dedicada à redução da pobreza por meio de desenvolvimento econômico. O livro dá atenção a outros exemplos semelhantes, como o projeto Carolina for Kibera, que recebe todos os anos estudantes de MBA para trabalhos vo­luntários em uma favela de Nairóbi, capital do Quênia.



Ao longo de três meses, Katie traba­lhou para coletar dados sobre o merca­do de frutas e vegetais diretamente com os produtores de vilarejos no interior da Tanzânia, A missão era desenhar um projeto de desenvolvimento social, eco­nômico e ambiental em regiões do país africano. "Essa experiência confirma minhas próprias hipóteses de que os futuros líderes estarão mais bem pre­parados para lidar com os problemas do amanhã, com mais chances de su­cesso em operações nos diferentes se­tores e geografias", diz ela. Katie é ape­nas um exemplo entre milhares de jo­vens que hoje buscam postos de lide­rança em carreiras globais e multisse­toriais, mas que também querem usar seus talentos para provocar impactos positivos para a sociedade.



Há alguns argumentos que susten­tam essa ideia. Essa é a primeira gera­ção que cresceu totalmente conectada, em contato com ideias de lugares mais diversos. Como Katie, eles também ganham experiência internacional ca­da vez mais cedo em sua carreira - aos 20 e poucos anos, já viajaram para di­versos países e trabalharam em empresas no exterior. O efeito dessa pro­ximidade com o mundo dá a eles ba­gagem para enfrentar problemas de qualquer natureza. Em tempos de re­des sociais como o Linkedln, ainda, o networking social global oferece pas­se livre não somente a informações e dados mas também a pessoas impor­tantes em todos os cantos do mundo. Tudo isso ajuda a nova geração de líderes a construir valores comuns que transcendem fronteiras nacionais ou culturais. Isso permite que ambientes de trabalho geridos por eles se bene­ficiem de uma multiplicidade de pers­pectivas de maneira inédita. O conjun­to desses elementos, por fim, se conec­ta a algo extremamente valioso, e que é esperado de qualquer grande líder: a capacidade de inovar. 



• Um novo jeito de liderar



Um conjunto de qualidades distingue jovens executivos de líderes do passado.



- Alta educação



Com a profusão de MBAs e cursos de pós-graduação, eles são os líderes com melhor formação da história.



- Globais



Experiências internacionais precoces em relação a outras gerações, incluindo viagens, estágios e empregos no exterior.



- Nativos digitais



Primeira geração de líderes que cresceu totalmente conectada, em contato com ideias e pessoas de todo o mundo.



- Experientes



Em idade precoce, testemunharam momentos importantes da história, como a última crise financeira mundial.




FONTE: RHPortal

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