quinta-feira, novembro 27

"Investimento-anjo" cresce, mas faltam profissionais


A captação de recursos por startups brasileiras vem crescendo nos últimos anos, mas está em estágio inicial se comparada a países como Estados Unidos e China. A dificuldade em encontrar bons profissionais a salários razoáveis é um dos entraves aos negócios locais, embora não faltem boas ideias e capital privado.

O Brasil tem uma indústria de private equity (que compra participações em empresas) bem estabelecida e uma comunidade de investidores-anjo (atuante na fase inicial do empreendimento, com capital próprio) forte e conectada. O 'investimento-anjo' cresceu 25% em 2013, para US$ 262 milhões. Além disso, ao menos 50 firmas fizeram 80 investimentos em startups em 2012, segundo dados públicos compilados pela Ernst & Young (EY).

Os investidores estão de olho principalmente em oportunidades em fase inicial no Brasil. O principal setor de interesse é o de tecnologia da informação, com destaque para empreendimentos on-line e projetos ligados à sustentabilidade, diz a EY.

"O Brasil está elevando sua atratividade, mas tem muito a crescer em empreendedorismo e aportes iniciais", diz Lucas Judice, presidente da MidStage Ventures, uma incubadora brasileira com presença também em Los Angeles (EUA).

Entre as estruturas que barram o investimento no Brasil estão a lei trabalhista, a falta de capital humano, a corrupção, o mercado de capitais ainda não totalmente desenvolvido e problemas de governança corporativa, diz Patrick Kann, diretor da aceleradora americana Idealab.

A razão entre investimentos e o Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil foi de 0,37% em 2013. Nos Estados Unidos, a mesma relação é de 1,02%. Assim, o mercado brasileiro teria potencial para atrair pelo menos R$ 49 bilhões em investimentos por ano, o que representaria alta de 179% sobre 2013, segundo estudo da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap) e da KPMG.

Programas governamentais também auxiliam empreendedores. O programa Start-Up Brasil, lançado em 2012, prevê o aporte de R$ 60 millhões do Governo Federal até 2015 em cerca de 300 startups. As empresas recebem ao longo de um ano bolsas de até R$ 200 mil do CNPq para custeio com despesas e têm acesso a mais R$ 36 milhões, no total, para associarem-se a uma das aceleradoras, em troca de participação societária.

Tão importante quanto o aporte inicial é o plano de saída do investidor, seja por meio da venda de participação, abertura de capital ou outra estratégia. "As empresas de venture capital vão entrar no País se houver uma boa possibilidade de desinvestimento. Vai haver mais dinheiro quando se provar ser possível fazer mais saídas", diz Kann, da IdeaLab.



Fonte: Valor Econômico 

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