Finalmente tive medo. Após anos empreendendo e acostumado a assumir riscos e sair da zona de conforto senti medo. Achei ótima a oportunidade por estar escrevendo o e-book Negócio do Zero e ter que lembrar meu passado distante do início que empreendi. Hoje, 01 de dezembro de 2013, participarei da minha primeira competição de jiu-jitsu, arte marcial que comecei a praticar em maio desse ano para aliviar o estresse e melhorar o condicionamento físico. O convite que meu professor fez foi para celebrar este ano de vitórias que tive, competindo em um esporte que eu não imaginava fazer um ano atrás. Aceito o desafio é hora de encarar o medo.
Quando saí do Rio de Janeiro e vim para Curitiba com pouquíssimo dinheiro no banco e muitas dívidas tive um medo terrível. Apesar de ter feito amigos nesta outra cidade, o medo das coisas darem errado era enorme e eu enfrentei poucas e boas para conseguir passar o primeiro mês por aqui. Tive que ir andando para o trabalho que acabara de arranjar (cerca de quatro quilômetros de casa) e não almoçar durante os primeiros quinze dias até que saísse o vale (adiantamento de salário) daquele mês. Passados os quinze dias de sacrifícios e os seis anos que se seguiram reconstruindo a minha vida, é fácil olhar para trás e diminuir o que passei, mas naquela época o medo era enorme e eu me vi forçado a tomar uma atitude contra o medo para não voltar atrás.
O que de pior pode acontecer?
Para encarar o desafio de mudar de cidade na “marra” eu fiz para mim a seguinte pergunta: “Ok, o que de pior pode acontecer caso em fique sem dinheiro nenhum?” Bem, raciocinei, eu vou ficar sem comer direito alguns dias e terei que caminhar mais do que de costume. Terei ainda casa para morar, já que havia alugado um apartamento com uns amigos, e só precisarei entrar em pânico depois de vinte dias nessa situação. Comida eu vou acabar tendo em casa de alguma forma, nem que seja biscoito por uns tempos, e só. Este era o meu pior cenário. As dívidas continuarão sem ser pagar e eu só precisarei ganhar o suficiente para arcar com a divisão do aluguel, minha comida e outras despesas básicas. É isso.
A poucas horas de enfrentar meu oponente no campeonato de jiu-jitsu, fiz para mim a mesma pergunta que fiz no passado, pois o medo do desconhecido e abalava apesar de eu já estar acostumado a assumir riscos. Minha resposta foi simples. O máximo que pode acontecer é eu perder. Entrarei no tatame, darei o meu melhor, farei o que aprendi e no caso do meu oponente ser melhor que eu, ele aplicará um estrangulamento ou uma torção e pronto. Eu vou “bater” (pedir para parar a luta), cumprimentar o oponente, cumprimentar os amigos que estarão assistindo, entrar no carro e voltar pra casa para provavelmente assistir um filme mais tarde comendo pipoca com a minha família.
Torne o desconhecido, conhecido
Se você parar para pensar por alguns instantes, perceberá que na maioria das vezes, você sente medo por algo que não conhece, que te tira da sua zona de conforto. Apesar de querer fazer algo novo, sempre que chega próximo da hora de tentar, sente medo, pois não conhece o caminho que está entrando. Estudando neurociência um tempo atrás, descobri que o nosso cérebro gosta de manter as coisas do jeito que estão porque somos sobreviventes de um mundo que já acabou várias vezes. Para estarmos vivos, nossos antepassados, pais, avós, bisavós, etc., passaram por poucas e boas para manter seus genes vivos até a nossa geração. Esta é a razão fundamental do porque não gostamos de fazer algo diferente. Reflita um pouco: se você já conseguiu alimento e abrigo com o seu emprego ou mesmo morando de favor com os seus pais, não faz muito sentido para o seu cérebro sair da caverna para empreender, certo?
No entanto, cada um de nós busca a liberdade, a independência. Queremos ser livres e viver a vida como imaginamos por mais que erremos. É por isso que eu estou indo competir. Minha carreira não depende disso e eu não ganharei um tostão para entrar no tatame. Porém, o que me leva a ir até lá e competir é treinar o meu corpo a sair da sua posição de conforto, voltar para casa e fazê-l compreender que tudo continua bem.
Todos caem mas, apenas os fracos continuam no chão…
Nosso cérebro quer continuar quietinho no canto fazendo o mínimo de esforço possível, mas o mundo só caminha pra frente porque seres humanos ao redor do globo estão todos os dias saindo da sua zona de conforto há milênios. Cada um deles, de certa forma, sabendo que o máximo que pode acontecer com eles é nada. N-A-DA! Imagine-se sem dinheiro nenhum. Nenhum mesmo. Agora imagine-se sem casa e somente com a roupa do corpo. O que você irá fazer? Provavelmente o que eu ia fazer caso isso acontecesse comigo. Me ofereceria para limpar uma rua, vender algo para alguém, ser ajudante de obras, fazer entregas, ser balconista, qualquer coisa que certamente não me deixaria com fome. Nem eu ou minha família.
Nós podemos perder tudo. Tudo mesmo. Mas as coisas que trazemos dentro de nós ninguém pode tirar a não ser nós mesmos. O que faz mendigos permanecerem nas ruas não é a falta de dinheiro ou família, é a falta de autoestima. É a falta de capacidade de se olharem e perceber que podem erguer-se sobre seus próprios pés. Que sempre vai ter alguém para quem você oferecerá ajuda que irá lhe dar o que comer, um trocado, algo que lhe permita ir até uma rodoviária tomar um banho, vestir roupas mais limpas, etc. Se eu ficasse sem nada, utilizaria minha autoestima e o que sei para me oferecer na solução de um problema dos outros.
Com o tempo você aprende a cair com classe e a se levantar com orgulho.
Cair não é vergonha nenhuma, principalmente quando você cai para atingir os objetivos que se determinou. Após inúmeros fracassos profissionais e pessoais no Rio de Janeiro, decidi mudar de cidade para construir uma nova vida. Consegui. Tive que ter humildade para aceitar ajuda de inúmeras pessoas por aqui, aprender a fechar a boca nos momentos certos e abaixar a cabeça com o foco constante naquilo que eu queria.
Hoje com três empresas rodando, estou passando para frente as técnicas ou “armas” que utilizei durante esses últimos anos para me reconstruir no projeto Negócio do Zero que para mim é muito mais que um e-book, é uma forma de contribuir com a vida de outros empreendedores que assim como eu sentem medo.
Eu já te falei das coisas que eu tenho medo e gostaria de saber de você, o que te faz sentir medo. É dinheiro? É reprovação de familiares? É o fracasso? O que é?
FONTE: negociodozero
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