terça-feira, janeiro 13

Pós-graduação: rir para não chorar




Desde que eu entrei no mestrado um novo mundo se abriu.
Desculpem, eu tive que começar com essa frase piegas e clichê.
A verdade é que durante a graduação vivemos numa bolha de inocência, alimentamos sonhos, expectativas e  mesmo que tenhamos experiência com iniciação científica, temos apenas uma leve ideia do que se passa no lado
escuro onde o Rei Leão te disse pra não ir da pós-graduação. Ao entrar no mestrado e com o passar do tempo descobrimos uma série de limites (internos e externos) a serem superados.
Auto-confiança, perseverança, persistência, esperança e superação entram no seu dicionário. Frustração, negação, autoridade, obediência, também. Mas entram no seu facebook, twitter e links favoritos referências a blogs, perfis cômicos, páginas de sátiras relacionadas a esse universo. Cria-se uma espécie de espelho (local/pessoa que reflete o que eu sinto) ou comunidade (pessoas que mutuamente se apoiam frente às dificuldades desse novo mundo) no qual o pós-graduando pode anonimamente ou discretamente se sentir melhor. E advinha?! a maioria de sites nesse estilo tratam essas situações com humor (ácido, muitas vezes). A
zuera criatividade não tem limites e eu já vi de tudo, desde quadrinhos especializados (PhD comics), passando pelos diversos “pesquisadores” (baby, Paola, Tony Stark, Miranda Priestly, ∞), perfis do facebook (tipo nós do posgraduando.com) até musical (sic! Tesis: el musical). Vejam que os sites internacionais nos lembram que alguns problemas não tem fronteira.
Por que rimos tanto? Por que nos identificamos, damos likes, marcamos nossos amigos, damos retweets? Pra não chorar, eu diria. E pra extravasar. Tem situações tão tragicômicas  e realidades tão
digamos promotoras de crescimento relacionadas ao universo da pós-graduação, que só muito humor na causa pra evitar o “surto” coletivo. É saudável, aliviador e rende boas doses de endorfina muitas vezes.
E qual o ponto? Tem problema nisso?
Claro que não. Temos mais que rir pra não chorar, amigos.
Mas lembremo-nos que somente risada não resolverá todos os nossos problemas. Muito daquilo que é destacado pelas páginas de humor reflete problemas graves ainda pouco discutidos entre os pós-graduandos fora do âmbito “cafezinho” ou sessão de terapia em grupo. Precisamos não só rir e passar para próxima mensagem… Mas, cobrar, agir, conversar e nos preparar melhor para essa fase, usando os meios que forem necessários. Discutir temas relevantes como remuneração, falta de programas de seguridade social para os pós-graduandos, desenvolvimento de problemas de saúde física e psicológica durante a pós-graduação, relação orientador-orientado, relação órgão de fomento-orientador-orientado, posturas de programas de pós-graduação, posicionamento do governo federal frente ao ensino superior… é atual e muito urgente. Aí, talvez, o número dessas páginas diminuíssem, o que seria uma pena, mas ganharíamos em qualidade de vida e trabalho.
Vamos rir, mas vamos pensar e agir também.

FONTE: posgraduando

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