Eles são jovens entre 18 e 30 anos que pouco ou nada se lembram de como a vida funcionava antes de a internet e a telefonia serem bens de fácil acesso. É a chamada – e ainda pouco estudada – geração Y, que hoje já está no mercado de trabalho, é atuante em suas comunidades e que foi analisada no Millennial Survey, estudo global feito numa parceira entre a Telefónica e o Finantial Times divulgado hoje em São Paulo. A pesquisa, que propôs 190 perguntas a mais de 12 mil jovens de 27 países, mostra que os “millenniuns”, como também são conhecidos os membros desse grupo, são extremamente ligados à tecnologia e têm um nível de engajamento alto com as causas com as quais se preocupam – o que pode ser economia, questões ambientais, desigualdades sociais. Mas, no Brasil e na América Latina, o ponto mais sensível é mesmo a educação.
“O Brasil – e a região como um todo – está muito mais preocupado com educação do que o resto do mundo”, diz Alex Braun, vice-presidente do PSB, instituto responsável pela pesquisa. No estudo, 19% dos jovens da América Latina se disseram preocupados com educação, o tema mais mencionado na região ao lado de desigualdades sociais. “Em comparação com outros países, notamos também que a educação é um tema relevante de maneira heterogênea na América Latina. É uma preocupação no Brasil, mas também no Chile, no Peru… Não sabemos bem por que, mas várias das perguntas [do questionário] apontaram para essa tendência”, disse o especialista. Na América do Norte, na Europa e na Ásia, o primeiro lugar ficou com a economia, que por aqui aparece apenas na quarta colocação.
“Fizemos uma pergunta como essa na ONU e tivemos um resultado parecido”, acrescentou Jorge Chediek, coordenador-residente do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) no Brasil, à resposta de Brown. “A economia está gerando emprego, então não é percebida como um problema central. Já a educação é vista como elemento chave para o crescimento econômico”, completou. Essa percepção na região também se mostrou presente na pesquisa apresentada hoje. Quando perguntados sobre o que é mais importante para se promover as mudanças necessárias na sociedade, 53% dos jovens latino-americanos apontaram o acesso à educação de qualidade como fator crítico, à frente de proteção do meio ambiente, erradicação da pobreza e alimentação básica para todos. Globalmente, com 42%, a educação também lidera essa lista, mas é na América Latina que esse número é maior.
Além de se mostrar muito preocupada com a educação, a geração do milênio latino-americana e brasileira também está entre as que mais valoriza o empreededorismo no mundo e mais disposta a assumir para si a responsabilidade de protagonizar “a diferença”. Na região, 82% dos jovens disseram acreditar que podem fazer a diferença localmente, contra a taxa de 62% do mundo. No Brasil, 47% dos jovens acham que ser um empreendedor é algo muito importante; 24% acreditam ter oportunidade de se tornar empreendedor – contra 19% mundialmente.
De acordo com Braun, uma das maiores surpresas que teve ao avaliar os dados foi o grau de otimismo mostrado por brasileiros e latino-americanos. “A América Latina sempre foi muito positiva, mas o nível que encontramos agora nos surpreendeu. Há dois dias estava em Londres e a diferença é gritante”, afirma o executivo. No Brasil, a pesquisa contou 1.028 pessoas espalhadas pelo país, de forma a compor uma amostra representativa do país. “Em 20 anos, esses jovens estarão liderando o mundo. Com o que estamos vendo, a nova revolução vai vir daqui”, completa ele.
FONTE: porvir
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