
O poder revigora. O poder ergue as pessoas, que passam a andar de cabeça ereta, como uma águia que sobrevoa a caça e prepara o bote. O poder seduz. Cega. Com ele, conquista-se territórios, derruba-se mitos, devasta-se civilizações. O poder corrompe, dizem muitos. São os invejosos, que nunca provaram desse mel.
Poderosos se reúnem em mesas enormes, daquelas de filmes norte-americanos, para decidir os rumos dos outros. Apertam mãos com firmeza, tomam uísque cowboy, fumam charuto depois de descer do helicóptero ou do carro blindado. Não somente homens amam o poder. Muitas mulheres também fazem de tudo para conquistá-lo num jogo de sedução.
No entanto, fora todos esses chavões, nem sempre os poderosos são ricos, glamorosos ou elegantes. Não necessariamente vestem Armani ou carregam uma mala Louis Vuitton. Há muitos deles pobres nos pensamentos e nas contas bancárias, miseráveis no espírito e na alma. Estão ao nosso lado cotidianamente no universo corporativo como colegas, chefes ou clientes.
Muitos, ao ganhar status de chefia dentro da empresa, se empertigam no elevador lado a lado com os subordinados. Ter uma sala privativa já o separa dos losers, aqueles que ficaram para trás na cadeia evolutiva da companhia. Agora, com o poder nas mãos, desafiam os que ousam contestar suas ideias, tiram da frente quem não compartilha das mesmas convicções ou – pior – derrotam os melhores. Sim, pois os melhores incomodam os medíocres poderosos.
Já os líderes não se importam com o poder. Pelo menos não os líderes de verdade. Para eles, o que vale é o compartilhamento das ideias, a troca de informações. Para o líder evoluir ele precisa do apoio do outro, que crescerá também em um elo evolutivo. O líder é exemplo do bem. É aquele que influencia os outros de maneira positiva, provoca mudanças positivas no grupo. Não precisa de cargo, não precisa do poder. Embora muitas vezes tenha na cabeça como e o que fazer, prefere perguntar antes a opinião da equipe – e, principalmente, ouve e assimila as respostas. Claro que nem sempre é tudo um tranquilo mar azul na vida do líder. Ao contrário. Há horas em que precisará ser rígido, dar a palavra final que irá contrariar a maioria. Inevitável, caro Watson.
O jeito mais simples de diferenciar o líder do poderoso é olhar para nossa infância (pelo menos para a minha). O poderoso era aquele que tinha a bicicleta e não emprestava para ninguém. Desfilava com seu troféu na rua, orgulhoso, acima de todos os pequenos vizinhos. Andava só e voltava para casa para ouvir seus discos também sozinho.
Já o líder vestia a calça mais descolada da rua, feita pela mãe pobre na velha máquina de costura, e ostentava um topete incrível – copiado por todos, claro. Como a família não tinha dinheiro, pedia a bola emprestada e reunia a turma para a pelada no campinho. Era o capitão por indicação dos demais, mas definia a estratégia junto com a molecada. Na hora do gol, corria para o abraço. Coletivamente.
Fiquei agora com saudades dele. Por onde andará?
FONTE: ekoeducacaocorporativa
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