terça-feira, julho 16

Inventor do mouse, que morreu aos 88, era um visionário; conheça sua trajetória


Douglas Carl Engelbart tinha apenas 25 anos, seu noivado era recente e ele estava pensando sobre o futuro, em 1950, quando teve uma epifania que mudaria o mundo.

Ele tinha um bom emprego, em um laboratório aeroespacial do governo americano na Califórnia, mas queria fazer mais. De um só golpe ele teve o que pode ser definido como uma visão completa da era da informação.

Sua insistência o conduziu a uma série de invenções que se tornaram a base da internet e dos computadores pessoais modernos. E a mais famosa delas recebeu um nome carinhoso: mouse.

Engelbart morreu na última terça, aos 88 anos, em sua casa em Atherton, Califórnia. Karen, sua mulher, informou que a causa foi falência renal.

A computação estava na infância quando Engelbart ingressou no ramo. Os computadores eram máquinas de calcular desajeitadas, que ocupavam salas inteiras e só podiam ser usados por uma pessoa de cada vez. A computação interativa estava no futuro, na ficção científica.

Em sua epifania, ele se viu sentado diante de uma grande tela repleta de diferentes símbolos --imagem provavelmente derivada de seu trabalho em radares na marinha. A tela, ele imaginou, poderia servir como monitor de uma estação de trabalho que organizaria toda as informações de um dado projeto.

Editoria de Arte/Folhapress
Em dezembro de 1968, ele inflamou seus colegas com uma demonstração notável diante de mais de mil dos principais cientistas da computação do planeta.

Para o evento, ele se posicionou no palanque, com um mouse, um teclado e outros controles à sua frente. A tela do computador foi projetada em um telão. Em pouco mais de uma hora, ele mostrou como um sistema interativo e em rede permitiria que dados fossem rapidamente compartilhados entre cientistas.

Ele demonstrou que o mouse, inventado por ele apenas quatro anos antes, podia ser usado para controlar um terminal. Mostrou recursos de edição de texto, videoconferências, hipertexto e trabalho em múltiplas janelas. Os participantes ficaram deslumbrados.

A tecnologia que ele desenvolveu seria mais tarde refinada no Centro de Pesquisa de Palo Alto, da Xerox, e no Laboratório de Inteligência Artificial de Stanford. A Apple e a Microsoft a transformariam para uso comercial no fim dos anos 80, mudando o curso da vida moderna.

Anos mais tarde, as pessoas do Vale do Silício continuavam a se referir à apresentação de 1968 como "a mãe de todas as demonstrações".

A ideia do mouse ocorreu a Engelbart durante uma conferência sobre computação gráfica da qual participou em 1964. Quando voltou ao trabalho, deu uma cópia de um esboço que havia desenhado a William English, engenheiro mecânico. Com a ajuda de um desenhista, ele criou um invólucro de madeira para abrigar os componentes mecânicos do aparelho.

Em apresentação na Filadélfia, em fevereiro de 1960, ele descreveu o processo industrial de encolhimento permanente do tamanho dos circuitos de computadores, que mais tarde se tornaria conhecido como "Lei de Moore", em referência a Gordon Moore, cofundador da Intel.

Falando sobre o futuro, Engelbart disse: "Rapaz, quantas surpresas ele trará".

Tradução de PAULO MIGLIACCI


FONTE:  folha.uol

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