terça-feira, julho 9

OS SURFISTAS DA INOVAÇÃO


                                   

Não. Não entendo nada de Surf. Sim, vou falar de Surf. Brincando na beira do abismo… ou da onda.
Quanto mais estudo o assunto “innovation”, mais o Surf me parece a metáfora perfeita para entender esse fenômeno.

É, na verdade não fui o primeiro a falar em “ondas de inovação”. O Pai desse discurso é o Joseph Schumpeter. Ele, magistralmente, combina os ciclos de Kondratiev (54 anos), Kuznets (18 anos), Juglar (9 anos) and Kitchin (40 meses) na forma de ondas. E para ele, o herói de todo o desenvolvimento humano é o empreendedor. Para mim, um surfista. Para Schumpeter, o capitalismo “parece” um processo evolucionário (VaCa RoSa), continuamente alternando inovações e destruições criativas. Ondas, seguidas de ondas. E todas quebrando e morrendo na praia.
Vale frisar o “parece” dito a cima. Ninguém está dizendo que a inovação é um processo biológico. Não, nada disso! Ela é um processo social. A comparação com o processo evolucionário é apenas metafórica. Apenas uma “metáfora generativa”. Ok?
Mas,… voltando à água fria… Ou à VaCa RoSa…
As metáforas que o Surf oferece para entender a inovação são fenomenais. Senão, vejamos:

1. A Onda…
Onda, onda, olha a onda… Ninguém cria a onda. Ela “nasce” de incontáveis e incontroláveis interações com o vento e com tudo o que toca o Mar. Nenhum Surfista cria onda nenhuma. Certo? A onda é a onda e pronto. Ela pode ser pequena, média, grande. Pipeline. Pode ser boa para o surf ou não. É algo que não podemos controlar. Sim, podemos colocar pedras no fundo de uma arrebentação e melhorar as ondas produzidas. Podemos atuar pontualmente para melhorar as ondas de determinado lugar. Mas essa parte da comparação fica para outro dia, ok?
No caso da onda como metáfora generativa, ela simboliza a vontade de um contexto social para dirigir seus recursos/energia a determinado setor ou produto (bens ou serviço). O Mar, no caso, são os seres humanos, a sociedade. Por incrível que possa parecer, a sociedade é incontrolável. Sim,… não é não. Quer um exemplo simples? Já tentou entender como é possível termos colocado um homem na Lua ou no espaço (para os que não acreditam que o homem foi lá) e não conseguimos prever a próxima crise econômica? O que tem o lançamento de foguetes e o movimento dos planetas de diferente das crises econômicas? A resposta é “pessoas”. A quantidade de pessoas envolvidas é muito maior. Como no caso da inovação. Esse Mar de pessoas simplesmente não pode ser controlado como um foguete. Simples. E aí, a metáfora do Surf é deliciosa. Embora ela também incorra na chamada “Fallacy of Misplaced Concreteness“, que basicamente é tratar como se fossem objetos “concretos” fenômenos abstratos como a “sociedade”.

2. O Surfista
Então, como eu ia dizendo… a onda é incontrolável. Mas,… ela pode ser surfada… e pode ser mal ou muito bem surfada. Surfistas ganham prêmios e reconhecimento pelo espetáculo que apresentam ao surfar. Mas eles não saem por aí dizendo que “criaram a onda”. Da mesma forma, a melhor das ondas não fará um surfista meia-boca dar um espetáculo. Mas, se a onda for perfeita, mesmo surfistas-de-meia-pataca podem pegar deliciosos jacarés. Sem falar no body-surfing que é uma arte a parte. No caso da inovação, o Surfista é o Empreendedor. A Onda é a “energia” desse Mar de pessoas canalizada em uma “direção”. As manobras do Surfista são os produtos criados. E nesse aspecto mora um conceito interessante: as manobras não criam as ondas. Da mesma forma que produtos não criam demandas.
Rockfellers, Fords, Onassis, Gates, Jobs, Zuckerbergs não criaram a onda. Souberam e puderam surfá-la: certo Surfista, em certa Praia, na onda certa. Afinal, como todo surfista campeão sabe, o Mar e as Ondas devem ser, antes de tudo, respeitado e respeitadas com grande humildade. Você pode ser o melhor surfista do mundo. Se o Mar não te oferecer “ondas”, nada feito. Daí, a única alternativa é mudar de praia.

3. A Praia
E a Praia? Bom, a Praia é o nicho de atuação. Cada uma com sua série de Ondas característica. Que pode estar “craudeada” (crowded) ou só ter você. Aliás, o prazer de surfar a onda perfeita numa praia deserta deve ser fenomenal. Sabemos de históricos inovadores que descobriram “picos” maravilhosos. Mas encontrar uma praia “nova” com ondas perfeitas é uma aventura bastante arriscada.
4. A Inovação
É isso. Juntando esses três elementos (Onda, Surfista e Praia) é possível entender um pouco melhor a dinâmica da inovação. E aí fica clara a dificuldade de se prever quem será o próximo inovador “bilionário”. Para que isso ocorra, é necessária a coincidência desses três fatores: a Praia ideal, a Onda perfeita e o Surfista capaz. E isso, de certa forma, nos liberta da obrigação de criar ondas. Que, além de tudo, é inútil. Mas entender como as ondas se formam, saber atravessar a arrebentação, começar a remar na hora certa, entender quais manobras são mais indicadas para cada tipo de onda, etc faz uma enorme diferença.
Bom. Acredito que já dá para entender a semelhança entre a inovação e o Surf. Pena que não conheço mais a respeito de Surf… Alías, se você tiver alguma dica de palavras e conceitos ligados ao mundo do Surf que possam ser aplicados aos passos-e-repassos da inovação, por favor, deixe um comentário explicando. Ok?
Na EISE nós temos surfistas “dedicados”. Pelo o que eu saiba, de cara posso citar dois: o Luis Alt e o Tenny. Acho que o Denis Burgierman, o Ivan de Marco e o José Mello também são surfistas… Eu, surfo apenas livros… De qualquer forma, toda a equipe da EISE é composta por inovadoresurfistas. E os 27 exploradores – ouso dizer “surfistas” – que iniciarão suas jornadas em breve na EISE com certeza aprenderão muito sobre “Surf”. Especialmente, sobre como surfar as ondas da inovação. Bem vindos!
Aloha!!
P.S.: a foto utilizada é do Fábio Amado, um dos surfistas da equipe LiveWork. Valeu, Bro! ;-)

FONTE: eiselab

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