A maioria dos empregadores brasileiros, 68% deles, afirma ter dificuldades para preenchimento de vagas. Apenas o Japão tem um percentual maior, com 85%. Uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) também relatou que 46% dos empregadores brasileiros possuem problemas com funcionários com deficiência de competências. Os dados foram apresentados pelo consultor da OIT (Organização Internacional do Trabalho), Fernando Vargas, na tarde desta quarta-feira, dia 24.
Fernando Vargas, consultor da OIT, ministrou palestra na Fiesc nesta quarta.
Foto: Karolina Koenig/Divulgação
Vargas mostrou pesquisa realizada na União Europeia em 2012 que elencou as principais competências profissionais. Entre elas estão o domínio da comunicação na língua materna e em línguas estrangeiras, o conhecimento em matemática, ciência e tecnologia, competências sócias e cívicas, competência digital e aprender a aprender. Cerca de 400 pessoas participaram da palestra, na Jornada Inovação e Competitividade da Indústria Catarinense, na Fiesc, em Florianópolis.
Uma pesquisa dos Estados Unidos realizada em 1992 e apresentada por Vargas definiu como prioridade de ensino e habilidades profissionais a leitura, redação, aritmética, pensamento inovador e criativo, resolver problemas e saber aprender. Entre as qualidades pessoais, estavam responsabilidade, sociabilidade e ética.
Para Vargas, a educação tem um papel fundamental para desenvolvimento de competências como estas, mas, as estatísticas educacionais do Brasil são preocupantes. O Brasil é o 57º lugar no ranking do Índice de Capital Humano. Um em cada cinco funcionários da indústria no Brasil não tem ensino fundamental e quase metade não completou o ensino médio, segundo dados do Ministério do Trabalho.
Os alunos, em geral, passam quatro horas por dia em aula no Brasil. “A intensidade e capacidade de dedicação e tempo dos professores está sendo um grande debate em toda a América Latina”, afirma. A duração do período escolar no país é de 200 dias, igual à duração da Holanda. Mas, em países como o Japão, são 243. Vargas também destacou que, na América Latina, os estudantes preferem escolher cursos de ciências sociais no ensino superior e isso geraria um problema para a melhoria em algumas competências.
Para ele, também há uma desconexão entre a educação e indústria. Os empregadores são mais exigentes e tem uma percepção mais crítica sobre a baixa qualidade da educação e parte dos jovens acredita não estar preparada para as novas demandas.
Entre as recomendações da OIT para melhorar as habilidades profissionais, estão a melhoria na educação, a conexão entre trabalho e instituições que promovem o ensino, a formação – com mecanismos de estágio, por exemplo, e saber antecipar as competências necessárias para o país.
A palestra fez parte da Jornada da Inovação e Competitividade da Indústria Catarinense, promovida pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) a partir desta quarta-feira, dia 25. Neste quinta-feira, as palestras vão abordar tecnologia, inovação, competitividade, produtividade na indústria e empreendedorismo.
FONTE: economiasc
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