Proporcionar aos líderes da organização um ambiente que valoriza tanto os resultados de curto prazo quanto a inovação. Esse foi o principal atributo buscado pela consultoria global de recursos humanos Hay Group ao selecionar as melhores empresas para liderança em 2013, após analisar respostas de 18 mil pessoas, entre elas 2.771 brasileiros.
O estudo, que entrevistou gestores de diversos níveis, levou em conta a opinião de funcionários da organização e a visão que eles têm de outras empresas como formadoras de lideranças. A combinação deu origem ao ranking, liderado no Brasil pela Unilever, mesma ganhadora do ano passado. Em seguida, vem a IBM e a General Electric. No ranking global, o pódio é formado pela Procter & Gamble, a Microsoft e, novamente, a GE.
O grande tema analisado pelo Hay Group neste ano foi a chamada “gestão ambidestra”. “É a capacidade de manter uma cultura de inovação no dia a dia sem perder as questões de curto prazo”, explica a diretora geral da consultoria na América Latina, Fátima Marques. Para isso, as melhores empresas apostam em recompensas estratégicas, no desenvolvimento de liderança em todos os níveis da organização, no foco no cliente e na flexibilidade. “São companhias que reconhecem as pessoas como parte essencial do processo, e as recompensam não só pelo resultado, mas pelo comportamento.”
Assim, acabam atraindo profissionais que se sentem bem em um ambiente de transformação, estão sempre conectados com o mundo e sabem trabalhar colaborativamente. Para retê-las, a estratégia é o reconhecimento, que vem não só financeiramente, mas na valorização.
A pesquisa revela, por exemplo, que 63% dessas companhias desenvolvem lideranças em todos os níveis, sendo que o mesmo acontece apenas em 37% das demais empresas. Isso vem da criação de um ambiente que permite que os funcionários tragam suas próprias ideias e participem de decisões. “Eles sentem que têm espaço para crescimento”, diz Fátima. A diferença está também na média gerência, que em mais da metade das melhores empresas participa de práticas de desenvolvimento de liderança como coaching e treinamentos. O mesmo acontece com menos de 20% das demais companhias.
Na sétima colocada Ambev, o diretor de gente e gestão Daniel Cocenzo diz que a empresa incentiva os profissionais a assumirem riscos e a agirem como se cuidassem do próprio negócio, “questionando o status quo e trazendo inovação”.
Conhecida pela cultura meritocrática, a empresa recompensa financeiramente não só as metas de curto prazo, mas também os funcionários que trazem novos projetos e ideias inovadoras. Há ainda um evento anual em que essas práticas, de todos os níveis e regiões, são premiadas e apresentadas aos sócios e executivos da empresa. “É mais do que remuneração, é reconhecimento”, diz Cocenzo.
A Unilever, campeã de 2013, tenta proporcionar o ambiente de equilíbrio entre inovação e resultados ao selecionar pessoas que também compartilhem essa visão. “Fazemos um trabalho grande para que os líderes tragam sua individualidade e sejam eles mesmos”, diz o vice-presidente de recursos humanos, Eduardo Reis. A empresa também oferece um plano de desenvolvimento de liderança robusto que envolve treinamento, avaliações individuais e coaching interno. Para Reis, o desafio não está apenas em atrair profissionais com o perfil para crescer na empresa, mas retê-los. “Nosso maior desafio não é só contratar o profissional certo, mas recontratá-lo todos os dias”, diz.
Outro resultado no qual as melhores empresas se destacam é o foco no cliente, visto como motor para a inovação – verdade em 60% delas, ante 43% das demais. Na 3M, a sexta colocada, isso é particularmente valorizado. A empresa tem a meta de, até 2017, ter 40% dos produtos com, no máximo, cinco anos de existência. Hoje, são 30%. “Todos os funcionários são incentivados a inovar e renovar”, explica o diretor de RH da empresa no Brasil, André Celso Scatolin.
A pesquisa também mostra que a flexibilidade é um diferencial das melhores companhias: em 56% delas há facilidades para as pessoas trabalharem de casa, enquanto o mesmo acontece só com 22% das demais. Na IBM, que ficou em segundo lugar neste ano, a possibilidade de trabalho remoto e horários flexíveis é oferecida a todos os funcionários onde o modelo de negócios permite. Além disso, neste ano foi criado um programa que incentiva os profissionais a escolherem os próprios cursos, livros e práticas que permitam o autodesenvolvimento da carreira. “Há a mensagem muito forte de que a pessoa é responsável pelo seu próprio crescimento, e a companhia dá as ferramentas necessárias para isso”, diz a diretora de RH no Brasil, Luciana Camargo.
(Com informações do Valor Econômico)
FONTE: ANPEI
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