Afirmação foi de Paul Boyle, da associação que reúne as 53 maiores instituições
europeias de fomento à pesquisa, no evento em Londres (foto:Gustavo Camilo)
O Brasil é considerado no Reino Unido um parceiro-chave na área da ciência, afirmou Paul Boyle, membro da Science Europe – associação que reúne as 53 maiores instituições europeias de fomento e de desenvolvimento de pesquisas –, durante a abertura da FAPESP Week London, na quarta-feira (25/09).
Realizado pela FAPESP, com apoio do British Council e da Royal Society, o simpósio mostrará, até o dia 27 de setembro, resultados de pesquisas conduzidas em diversas instituições de ensino superior e de pesquisa do Estado de São Paulo. A transmissão ao vivo pode ser conferida pelo site:www.fapesp.br/week2013/london.
A cerimônia de abertura na Royal Society – a mais antiga academia de ciências do mundo, com sede no Reino Unido – teve início com o anfitrião da casa Martyn Poliakoff, vice-presidente da Royal Society, que destacou o grande avanço observado na ciência brasileira nos últimos anos. “Visitei a FAPESP este ano e estive no Brasil três vezes recentemente. É possível perceber que a ciência está se desenvolvendo rapidamente. Sentimos que há reais oportunidades de desenvolver laços entre o Reino Unido e a FAPESP”, afirmou.
Em seguida, o embaixador do Brasil para o Reino Unido, Roberto Jaguaribe, apontou a intensificação das relações bilaterais entre instituições acadêmicas e tecnológicas dos dois países nos últimos cinco anos e disse que o Brasil tem muito a aprender com os britânicos.
“O Reino Unido tem instituições de muito prestígio e políticas adequadas para a disseminação da ciência e da tecnologia. Houve um aumento dos recursos alocados no Brasil para ciência e tecnologia nos últimos anos e estamos preenchendo um vazio existente entre a produção científica e o planejamento do país. Mas ainda não somos bem-sucedidos no próximo passo, que é a introdução de tecnologia e de produtividade em vários setores de nossa economia”, analisou.
Jaguaribe destacou a tradição científica brasileira no setor de agricultura, forte desde o século 19, e afirmou que o Estado de São Paulo é o mais avançado tanto em termos de produção industrial como de pesquisa tecnológica.
“E a FAPESP é uma das instituições mais importantes do Brasil nesse aspecto. Tem tradição de mais de 50 anos e se beneficia desde 2007 com a liderança do professor Celso Lafer, período em que houve grande avanço”, disse Jaguaribe.
Em seguida, o presidente da FAPESP, Celso Lafer, mencionou a preocupação da instituição em promover a internacionalização da pesquisa em São Paulo. “Sabemos que é importante promover oportunidades para pesquisadores de São Paulo interagirem com os de outros países. Por isso, além de acordos com universidades e os diversos conselhos de pesquisa do Reino Unido, a ideia de realizar esse workshop tem o objetivo de formar redes, de criar um entendimento sobre a importância da ciência e de reunir pessoas com os mesmos valores e visão de mundo”, disse.
Boyle, que também é presidente do Economic and Social Research Council (ESRC), do Reino Unido, afirmou que os sete conselhos de pesquisa britânicos consideram o Brasil como um parceiro-chave.
“Estive na delegação que visitou o país recentemente e fiquei impressionado com a qualidade e a força da pesquisa e da inovação que está ocorrendo por lá. Nós (britânicos) nos consideramos fortes em ciência, mas temos muito a aprender uns com os outros e nossa parceria até o momento tem sido muito equânime. Não há dúvida de que o Brasil é um país com oportunidades reais de colaboração”, disse.
Boyle destacou as oportunidades no campo das ciências biológicas e também na área de ciências sociais – principalmente relacionadas a pesquisas voltadas ao desenvolvimento de boas práticas para a realização de grandes eventos em grandes cidades, como as Olimpíadas e a Copa do Mundo.
O chefe-executivo do British Council, Martin Davidson, destacou que atualmente a ciência é vista como ferramenta-chave para lidar com grandes desafios globais. “Ciência é um esporte de equipe e a criação de bons times científicos me parece vital. Estou aqui para ressaltar o compromisso do British Council de trabalhar com a FAPESP para o fortalecimento da colaboração internacional”, disse.
Promovendo a cooperação
O diretor científico da Fundação, Carlos Henrique de Brito Cruz, salientou os mecanismos criados pela FAPESP para permitir a cooperação entre cientistas de São Paulo e de outros países.
“Temos acordos muito especiais com universidades britânicas e com os Conselhos de Pesquisa, os RCUK”, disse Brito Cruz. “A FAPESP e as instituições britânicas também trabalham juntas para selecionar os revisores encarregados da avaliação e seguimos os trâmites de cada parte para a seleção”, acrescentou.
“Temos um bom número de projetos em andamento com os RCUK, nos conselhos de Biotechnology and Biological Sciences (BBSRC), Natural Environment (NERC), Medical (MRC), Economic and Social (ESRC), e estamos trabalhando em propostas no âmbito dos conselhos de Arts and Humanities (AHRC) e Engineering and Physical Sciences Research Council (EPSRC)", disse.
A FAPESP também tem acordos com universidades no Reino Unido, que oferecem recursos para instigar pesquisadores a elaborar uma proposta de pesquisa e submetê-la à FAPESP e ao Research Council relacionado à área do projeto. “Podem ser organizados workshops e todo tipo de intercâmbio para isso”, disse Brito Cruz.
Durante a FAPESP Week foram anunciadas acordos de cooperação com a BG Brasil – membro do BG Group –, e o Imperial College London; o resultado de chamada de propostas do acordo FAPESP-British Council; a primeira chamada de propostas de pesquisa no acordo FAPESP-University of Edinburgh; e uma nova chamada de propostas no âmbito do acordo FAPESP-King´s College. Nesta quinta-feira, será assinado um acordo com a University of Manchester.
Conferência de imprensa
Antes da cerimônia de abertura, os diretores da FAPESP e alguns cientistas brasileiros e britânicos que fazem parte da programação da FAPESP Week London participaram de uma conferência de imprensa.
Entre os pesquisadores estavam Eunézio Antonio Thoroh de Souza, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Jeremy Woods, pesquisador do Imperial College London, David Murphy, da Bristol University, e Siu Mui Tsai, da Universidade de São Paulo.
Representando a FAPESP, além de Celso Lafer, esteve Brito Cruz, que anunciou a assinatura dos novos acordos entre a FAPESP e instituições inglesas. A Fundação já tem acordos firmados com as universidades de Surrey, Southampton, Nottingham, Keele, London, Bangor, Birmingham, Bath, East Anglia, York, Edinburgh e Cambridge.
*Colaboraram Fernando Cunha e Carlos Eduardo Lins da Silva.
FONTE: FAPESP
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