quinta-feira, junho 12

7 lições da Copa sobre o que líderes não devem fazer

Fica só a lembrança, em uma tentativa bem humorada, de mostrar como nossos líderes, independente de partidos e afiliações, escapam com coisas que pareceriam estranhas até a um calouro de Administração




Hoje me peguei fazendo a seguinte pergunta: o que aconteceria se uma empresa anunciasse o lançamento do "smartphone dos smartphones", gastasse mais do que a Apple e a Samsung gastaram para lançar seus aparelhos, para surpreender com um modelo de bem menos funções que o anunciado?
"O aparelho faz ligações. Vocês não queriam um telefone?", diria o confiante CEO, em uma conferência com a mídia. Na reunião de acionistas, o diretor de RI, ao ouvir críticas ao avançado sistema de teleconferência que a empresa anunciou e não entregou, diria: "As pessoas querem fazer ligações e mandar mensagem de texto. Nós vamos entregar o resto, um dia." Outro executivo responderia que o que importa é que nos próximos anos boa parte das promessas seria realizada.
Qual seria sua reação como consumidor ou acionista de tal empresa? Ficaria feliz e contente ou pediria a cabeça da diretoria da empresa?
Tal situação, que parece surreal, aconteceu aqui mesmo, neste fenômeno chamado Brasil. Ao anunciar a Copa, planos mais do que gigantes foram apresentados. Não podiam faltar autoelogios e discursos magnânimos. Achei a coisa toda tão interessante que não podia deixar de falar sobre o assunto. Como imagino que a maioria dos nossos governantes não passa muito tempo lendo sobre Administração, vamos fazer o contrário. Apresento aqui minhas lições do que não fazer quando você está em uma posição de liderança:
- Utilize termos como a “Copa das Copas” para mostrar que ninguém está aos seus pés. Não basta dizer que é o melhor, exagere ao máximo: O “produto para acabar com todos os produtos” e “você nunca mais será o mesmo” são frases úteis que devem ser levadas totalmente a sério.
- Entre em projetos complicados, com os quais você não tem nenhuma experiência. Coisas como trem-bala, monotrilhos elevados e mais um monte de coisa que você nunca fez até agora, mas planeja fazer em tempo recorde.
- Faça tudo ao mesmo tempo. Você acha complicado construir um aeroporto, um estádio e uma linha de metrô? Então resolva construir vários ao mesmo tempo. Todo mundo sabe que vários projetos simultâneos são muito mais fáceis de administrar, não é mesmo?
- Dane-se o orçamento e o bom senso. Nada mais justo que construir o terceiro estádio mais caro do mundo em uma cidade sem tradição em futebol. Aliás, para que economizar? Chute o balde, torre o máximo possível e diga que está investindo em um “legado”. Afinal, super estádios podem ser usados esporadicamente para shows, feira hippies e piqueniques escolares, não é mesmo?

- Quando as coisas começarem a dar errado, xingue seus críticos. Diga que eles são pessimistas e não sabem de nada. Mude seu discurso, diga que os projetos eram para depois, de qualquer jeito, e todo mundo entendeu errado. Ignore as críticas mais sérias, que uma hora elas somem.

- Aproveite que os projetos e orçamento passaram do prazo e passe mais um pouco. Vá em frente. É muito mais emocionante saber que um estádio foi entregue logo antes do jogo.

- Afaste-se totalmente da realidade. Todo mundo sabe que um dos primeiros sinais de problemas é quando a liderança se mostra desconectada com a “linha de frente”. Isso, no entanto, é para mortais. Quando perguntarem se faltam hotéis, responda que conta com a hospitalidade das pessoas. Se disserem que os projetos não foram entregues, diga que o povo quer é festa. Se reclamarem da falta de mobilidade, tire um sarro e mande ir de jegue.

Caro leitor, é claro que vai ter Copa. Os times estão chegando, os estádios estão aí. Fica só a lembrança, em uma tentativa bem humorada, de mostrar como nossos líderes, independente de partidos e afiliações, escapam com coisas que pareceriam estranhas até a um calouro de Administração. Curta a festa, mas não se esqueça de que, no fim, nós é que pagamos a conta.

FONTE: administradores

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