Um textinho de final de ano dedicado ao jovens redatores e diretores de arte de propaganda. Estive trabalhando com muitos deles, desde sempre. E, especialmente em 2014, fiz parte de inúmeros grupos de criação onde eu era a minoria – e muitas vezes – o único representante da idade madura. O que vejo nessa rapaziada é muita vontade de acertar, grande energia e acesso a um mundo de referências que não havia na época em que eu tinha a mesma idade deles. Na real, o que é mais importante eles saberem é a diferença entre Novo e Novidade. Novo é o Picasso, Novidade é aquele grafite que pintaram no muro na frente da sua casa.
Muitas vezes coloca-se na mesa como algo "matador" uma Novidade. E este grafite nunca vai chegar a ser um Romero Britto, quanto mais uma Guernica. A rapaziada fala muito em Big Idea. Sim, a Big Idea deve ser perseguida para se chegar ao Novo. Mas antes dela vem a Idea. E antes da Idea, a VSI: Very Small Idea. É esse ínfimo átomo da criação o que faz de uma comunicação a plataforma que trará resultados para uma marca ou serviço.
Sabe o churrasco? A hora em que você vai acender os carvões? Aquele minifoguinho que detona o futuro incêndio é a VSI. Uma centelha. É preciso soprá-la com esmero, transferir carvão para o lado dela, soprá-la novamente. Até que o seu calor primordial transforme aquele monte de minerais num belo churras de linguiça, picanha e fraldinha.
Busquem a Big Idea. Mas, pra chegar nela, treinem antes o sopro. Ele pode virar um sopro divino, podem crer. VSI, Carvão – que é o seu Job - você e seu autoconhecimento. Nada mais. Aliás, sua vida, a VSI e os carvões são muito mais importantes que as passageiras referências. Usando ainda a metáfora do churras, as referências são o arroz branco. Muito bem-vindo à mesa, mas ninguém é obrigado a comer. Um 2015 de muito sucesso, leões e o que mais vier. E não esqueçam de me convidar para comer um matambrezinho com vocês. Mas o meu sem arroz, ok?
FONTE: Adnews
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