Há séculos as Universidades reproduzem suas estruturas e métodos fixos e imutáveis em todas as culturas e lugares do mundo. Docentes e discentes assumem seus lugares de mestres e discípulos, em uma hierarquia do saber que se coloca de forma unilateral, onde não há troca, apenas um repasse de conhecimento que alimenta a indústria dos diplomas. Prédios imensos, salas de aulas, cadeiras, professores e alunos, com estes elementos montasse uma Universidade, e assim elas foram se espalhando, às vezes, irresponsavelmente. Os anos foram passando e aparentemente esta seria a única forma de vivenciar a Universidade. Mas no meio do caminho apareceu uma alternativa, e as coisas começam a mudar.
Você já ouviu falar na Universidade Livre Fora do Eixo? Não se sinta um desinformado se a resposta for não, pois esta é uma ideia que ainda está se espalhando pelo país e não é amplamente divulgada. Para vocês entenderem, vamos começar do começo (até porque, né). Para fazer circular a cultura em suas mais variadas expressões de forma independente por todo o país, existe o Fora do Eixo. Este se define como sendo uma rede de coletivos culturais surgida em 2005 e em números são mais de 200 espaços culturais no Brasil, 2000 agentes culturais, 2800 parceiros e 20000 pessoas indiretamente, estando presente em 27 estados e mais 15 países da América Latina. Inicialmente o foco era o intercâmbio solidário de atrações musicais e conhecimento sobre produção de eventos, mas cresceu para abranger outras formas de expressão como o audiovisual, o teatro e as artes visuais, ainda que a música continue tendo uma maior participação na rede. (parece tudo muito bonito, mas eles também recebem muitas críticas, mas enfim)
Entre suas propostas, o Fora do Eixo começou a pensar o seu processo de formação, e assim, surgiu a Universidade Livre Fora do Eixo. E é claro, que é bem diferente daquela Universidade tradicional. Com a meta de organizar e sistematizar tecnologias sociais, dinâmicas e processos da rede a UniFdE tenta alcançar objetivos como fomentar, promover e facilitar a troca e circulação de conhecimento dentro da rede; difundir iniciativas, experiências e projetos de formação livre e fomentar a criação de projetos de formação livre articulados em rede. Seguindo algumas bases da Universidade tradicional, ela possui metodologias, Campus, Corpo Docente, mas nada de prédios imensos, salas de aulas e professores em pedestais. O grande espaço de aprendizagem é a convivência, a prática, a troca de experiências, onde os alunos são viventes. São 450 campi permanentes e temporários em todo o país, unindo mais de 2.000 pessoas de 200 coletivos culturais do Brasil.
Utilizando-se das ações e eventos produzidos pela rede como plataformas de circulação de conhecimento e conexão de pessoas, a UniFdE promove atividades de formação livre por todo o país, buscando e envolvendo novos agentes e experiências que se conectam e passam a participar da construção deste laboratório de aprendizagem, gerando um enorme circuito de conhecimentos e tecnologias livres em constante movimento.
Não propomos aqui, que se substitua a Universidade tradicional e seus diplomas por este método, a intenção é apontar que existem maneiras alternativas de ter acesso e de vivenciar o processo de acúmulo de saberes. Assim, não pensamos como se coloca o título deste texto, uma versus a outra, mas sim uma complementando a outra.
Quer saber mais? http://foradoeixo.org.br/
FONTE: posgraduando
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