Instituições de ensino superior representam metade das 10 organizações que lideram o ranking de concessões feitas entre 2003 e 2012
O conhecimento produzido em universidades públicas respondeu pela maior parte da produção de patentes no Brasil nos últimos 10 anos, segundo estudo divulgado nesta terça-feira (17/9) pela Thomson Reuters. Instituições de ensino superior representam metade das 10 organizações que lideram o ranking de concessões feitas entre 2003 e 2012.
Juntas, Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e as universidades federais de Minas Gerais (UFMG), do Rio Grande do Sul (UFRS) e do Paraná (UFPR) somaram 1.028 invenções registradas no período, o equivalente a 52,8% do total desse universo das 10 maiores promotoras de patentes no país.
A pesquisa reforça que o Brasil ocupa o 14º lugar no ranking mundial de publicação de artigos científicos: foram 46.795 documentos em 2012. E o crescimento se mostra sustentável, acrescentou o vice-presidente da unidade de negócios e propriedade intelectual da Thomson Reuters, Rob Willows. “Em qualquer sociedade, não faltam ideias. O desafio é torná-las práticas”, disse ele, em seminário sobre o tema ontem, em São Paulo.
Um quarto dos pedidos de patente no Brasil é feito por pessoas ou empresas que não residem no país – em sua maioria multinacionais interessadas em proteger a marca. “Temos de mostrar que patente não é só coisa de americano ou de multinacional”, afirmou o presidente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), Jorge Ávila.
Para propagar a cultura da inovação, é preciso insistir na importância de interação entre universidades e mercado, sustentou a representante do programa de propriedade intelectual da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Maria Cláudia Nunes. “De nada adianta uma patente na academia, se ela não chegar à indústria para gerar emprego, renda e ajudar a desenvolver o país”, argumentou.
Entre 2003, e 2012, o número de pedidos de patentes saltou 106% no Brasil: saiu de 16 mil para 33 mil. Este ano, apesar das insistentes dificuldades operacionais enfrentadas pelo Inpi – sobretudo a de uma equipe defasada diante da demanda crescente – devem chegar ao órgão um total de 40 mil solicitações. “O nível de conhecimento e criatividade no Brasil é imenso, mas vocês ainda precisam acelerar os trabalhos”, comentou Willows.
O tempo de espera para ter uma patente concedida no Brasil tem sido de pelo menos seis anos, podendo chegar a 11 anos em casos mais complexos. “Em qualquer parte do mundo, esse processo é demorado. Há, sim, um atraso, mas seria burrice frear a demanda até que o instituto se consolide”, sublinhou o presidente.
Willows chamou a atenção, ainda, para a necessidade de priorizar a qualidade das patentes. E questionou, inclusive, o “boom” de propriedade intelectual pelo qual passa a China, a segunda no ranking mundial, atrás somente dos Estados Unidos. “Eles (os chineses) estão concedendo muitas patentes que talvez não sejam válidas no futuro”, ponderou.
As 10 mais
Lista dos maiores detentores de patentes no Brasil entre 2003 e 2012:
Petrobrás 450
Unicamp 395
USP 284
UFMG 163
Semeato 157
FAP-SP 140
UFRS 105
Comissão Nacional de Energia Nuclear 87
Whirlpool 83
UFPR 81
FONTE: correiobrasiliense
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