sábado, fevereiro 15

SUCESSO NA WEB: Curta-metragem retrata sociedade sexista às avessas

Uma semana após sua publicação no YouTube, o filme teve mais de 5 milhões de visualizações


Reprodução/ YouTube
Dirigido por Eléonore Pourriat, o curta-metragem “Majorité Opprimée” (Maioria Oprimida, título em português), lançado em 2010, recentemente virou um fenômeno na internet. Após a diretora publicá-lo no YouTube com legendas em inglês, na semana passada, o filme já recebeu mais de 5 milhões de visualizações.
Em dez minutos, o curta mostra como o sexismo é nocivo à sociedade. Só que, ao invés de retratar como as mulheres sofrem diariamente com o machismo derivado de anos de patriarcalismo, ele inverte os papéis e vitimiza os homens.
Embora tenha sido filmado há cinco anos, segundo Pourriat, sua repercussão foi maior agora "porque os direitos [das mulheres] estão em perigo". Para ela, "a luta feminista é mais importante neste momento". "Isso tudo sobre o casamento para todos, a homofobia e o sexismo. Hoje é como uma maré negra na França", explica.
O enredo gira em torno de Pierre, que logo no começo do dia, em um diálogo com a síndica do prédio onde mora, escuta a seguinte frase: "Mas que é isso? Eu deveria estar falando com a sua mulher". Mesmo que conversas - ou discussões - com síndicos não sejam as mais agradáveis, o foco desta cena foi mostrar que nem sempre as mulheres são levadas a sério.
No caminho para o trabalho, Pierre recebe olhares, assobios e "cantadas" indelicadas. Quando uma moradora de rua ousa propor-lhe sexo, sua resposta é um simples "já basta", porém, a réplica causa revolta na mulher, que chama atenção para a "bermuda azul" que ele veste e termina se exaltando, proferindo xingamentos ainda mais grotescos. Enquanto isso, mulheres correm e fazem cooper sem camisa, top ou sutiã.
O clímax do curta se dá quando um grupo de jovens molesta Pierre em um beco. Ao denunciar o abuso em uma delegacia, ele descreve a experiência: "Ela beliscou meus testículos... Depois colocou meu pênis na boca e mordeu".
Quando perguntada pelo jornal The Guardian sobre o motivo de tal brutalidade, a diretora informou que o intuito da cena foi o de intimidar e, ao mesmo tempo, evidenciar "o complexo da castração". "O pior medo dos homens. Eu queria não que fosse realista, mas assustador", relata.
Tanto a policial a quem Pierre se reporta quanto sua esposa não tratam o ocorrido com muita seriedade e até chagam a insinuar que o abuso poderia ser evitado se Pierre usasse outras roupas. "Muitas vezes, quando as mulheres são agredidas, as pessoas dizem que a culpa é delas. Mesmo pessoas próximas". 
A própria Pourriet vivenciou isso. "Eu era uma mulher. tinha 30 anos. E meu marido não acreditou que eu tinha sido abusada - eu não fui estuprada, mas eu recebia comentários na rua. Muito frequentemente. Ele disse: 'Uau. Isso é incrível'. Sua surpresa foi o início da ideia para mim. Às vezes os homens, não é culpa deles, eles não imaginam que as mulheres são agredidas com palavras estranhas a cada dia, com pequenas, leves palavras. Eles não podem imaginar porque não são confrontados com isso".
Apesar da crítica relevante que faz o filme, Pourriat recebeu inúmeros comentários agressivos por e-mail. Um ela não teve coragem de apagar: "Eu mantive um, porém, porque é inacreditável. Alguém disse: 'Mais besteira feminista condescendente. Continuem choramingando, cadelas!'. Quando li isso, estava mais do que nunca convencida de que tenho que continuar a fazer filmes".
Inclusive ela já está desenvolvendo seu próximo projeto, que será um mockumentary(pseudodocumentário) sobre a remoção de pelos pubianos.
Assista, abaixo, a Majorité Opprimée”: 
LINK:  
http://www.youtube.com/watch?v=V4UWxlVvT1A

Com informações do The Guardian.

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