terça-feira, fevereiro 18

Como deve chamar a área que cuida de "gente"?

Tudo começou com o lançamento do livro Reengenharia, em 1993. Quebra nozes no sonolento mundo corporativo. Alguns anos mais tarde, a própria reengenharia reviu a si mesma, mas na época teve seu grande mérito que foi provocar o pensamento, provocar a discussão e provocar o debate num mundo morno e sem sal


Tudo começou com o lançamento do livro Reengenharia, em 1993. Quebra nozes no sonolento mundo corporativo. Alguns anos mais tarde, a própria reengenharia reviu a si mesma, mas na época teve seu grande mérito que foi provocar o pensamento, provocar a discussão e provocar o debate num mundo morno e sem sal.
À época, Peter Drucker disse “A reengenharia é o novo e precisa ser realizada”. Segundo seus autores, reengenharia significa jogar fora os sistemas antigos, começar tudo de novo e inventar uma maneira melhor de fazer o trabalho. O novo perfil de gestão deveria monitorar não apenas o que os gerentes sabem e fazem, mas também, como pensam. Não só a forma como vêem o mundo, mas também, a forma como vivem no mundo.
Também, à época, consultores de diferentes formações, alertaram que o processo puro e simples de reengenharia poderia conter armadilhas. Pode-se cair no erro de esquecer o lado humano da empresa.
Passados esses anos todos, novamente faço uma releitura provocada por um artigo titulado Reflexões sobre Gestão Emocional que li recentemente. Um de seus trechos dizia – Pela influência de uma composição cultural, fomos educados e treinados para usar (ao menos no discurso) a concepção de: "Jamais leve problemas pessoais para o trabalho"; "Todo profissional precisa saber separar muito bem as coisas"; "Não importa como você está se sentindo, faça, afinal, manda quem pode e obedece quem tem juízo". Será que esses velhos ditados refletem nossa realidade? Você conhece alguém que diante de uma forte condição emocional conseguiu separar tão bem as dimensões da vida, como fomos treinados para fazer? Será que tal discurso ainda cabe nos dias atuais, se é que um dia eles realmente funcionaram?
Como deve se chamar a área que “cuida de gente”? Primeiro, as empresas não cuidam de gente. Cuidam de trabalhadores que são remunerados em troca de produção e serviços em conformidade com os padrões de qualidade determinados. Os trabalhadores devem cumprir bem seu papel. Cuidar de Gente é slogan de campanha política. Gestão de Pessoas, Gestão de Talentos, Gestão de Desenvolvimento Humano, Gestão do Capital Humano, Diretoria de Gente e Gestão, Diretoria de Pessoas e Organização. De todas as propostas só a nomenclatura Gestão de Pessoas é convincente. Quando a área chama-se Gestão de Talentos, presume-se que na tal empresa só existam talentos. Qual será o discurso da empresa ao ter que dispensar uma leva de talentos? Gestão voltada para retenção de talentos é outra coisa. Cria-se um projeto interno para identificar, desenvolver e reter trabalhadores com potencial de crescimento profissional e pessoal e de interesse para a empresa. Isso é verdadeiro.
Tomando como exemplo empresas com mais 100 empregados e com a área de RH cada vez mais multidisciplinar e/ou terceirizada, como prestar atendimento às pessoas com foco na gestão emocional de cada uma delas? Qual é a empresa que ainda mantém uma área de Serviço Social, área focada nesse sentido, em seu quadro de pessoal?
Não importa o nome que deem à área que “cuida de gente”, o fato é que, dentro da realidade empresarial, as pessoas serão sempre recursos. Queiram ou não, gestão emocional não é o papel determinante de Gestão de Pessoas. O RH deve contribuir na construção de cenários que contemplem a motivação e o desenvolvimento pessoal e profissional. Esse é o verdadeiro papel. O Gestor de Pessoas trabalha para o capital e deve agregar valor à empresa. Está mais do que na hora a área de RH, de forma regular, rever conceitos e customizar sua atuação sem extremos de preciosismo e tecnicismo desnecessários. Com conhecimento de causa e efeito. Quem fizer bem feito sairá na frente!

FONTE: administradores

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