Há três meses eu acordo todos os dias de segunda a sexta-feira às 05:45 da manhã para ir treinar jiu-jitsu. Há cinco anos eu trabalho todos os dias de segunda a segunda-feira para treinar empreendedorismo. Em ambas as situações, passo a maior parte do tempo sendo amassado pelas consequências dos meus movimentos mal pensados e abro pequenos sorrisos quando enxergo uma nova oportunidade de golpe ou fecho mais uma vendinha na última semana do mês para bater minhas metas. Apesar de hoje me comportar assim, durante 15 anos vivi desistindo daquilo que queria viver e persistindo naquilo que enxergava ser o pior para a minha vida. Os motivos para ter esse comportamento eu coloco abaixo fazendo em mais um artigo, um paralelo entre jiu-jitsu e empreendedorismo.
A Escola
Aos seis anos de idade entramos no primeiro ano da escola primária. Estamos cheios de curiosidade e com a nossa energia no máximo, mas nos fazem sentar em cadeiras iguais, ao lado de pessoas vestidas iguais por algumas horas para nos dizer aquilo que não estávamos curiosos por perguntar. Com o tempo enxergamos de forma equivocada que não sabemos nada e que não temos nada para dar para o mundo. Nossa autoestima vai lá pra baixo e com ela a nossa fé pela vida boa. Os professores, adultos e que sabem tudo aquilo que nós não sabemos, nos comparam a outras pessoas que são melhores em decorar nomes e datas enquanto nós estamos preocupados em como subir no pé de jambo, descer a ladeira mais próxima de bicicleta em alta velocidade ou em construir uma pista de corrida para nossos carrinhos. Subir em uma árvore, descer uma ladeira ou construir uma pista de corrida tem mais matemática, física, português, geografia e história que as aulas comuns da escola, bastando que os professores fizessem a conexão correta entre matéria e atividade, mas infelizmente os professores são cobrados para aplicar em nós a cartilha que lhes foi mandada ensinar.
A Cultura
Mesmo sem sermos cristãos escutamos sempre coisas sobre aquele homem sacrificado que morreu na cruz pelos nossos pecados. Como se não bastasse terem ignorado nossos conhecimentos quando mais novos a respeito da vida, agora ainda nos colocam o rótulo de pecadores. Ouvimos que nada se consegue de maneira fácil e que quem tem vida fácil e praticamente não trabalha é alguém ruim e que provavelmente fez algo desonesto para atingir aquela posição. Confundimos humildade com pobreza e egoísmo com riqueza. Coisas que ficam na nossa mente, feito um mantra, murmurando dia após dia. Para completar, em um belo dia cometemos um erro por tentar algo novo e ao invés de termos apoio para tentarmos de novo, recebemos críticas a respeito das nossas “maluquices” e incentivos para sermos aquilo que todos já são. Apelam para voltarmos para a caixinha da baixa autoestima e do ser sacrificado e tentam nos convencer que para conseguir qualquer coisa é preciso sacrifício e mais força que técnica.
Algumas perguntas antes de continuar…
- Se o que move o capitalismo é o dinheiro porque não nos ensinam a ganhá-lo na escola?
- Se educação é realmente importante para as nossas crianças porque os professores são tão mal pagos enquanto um construtor sem estudo ganha mais?
- Se o objetivo de todo ser humano no final das contas é ser feliz, porque ninguém se importa na escola, no trabalho ou na família com aquilo que nos faz feliz?
- Se valorizamos tanto os líderes porque somos educados para sermos servos de alguns ao invés de senhores de nós mesmos?
- Melhor parar por aqui…
“Se a criança é capaz de se entregar por inteiro ao mundo ao seu redor em sua brincadeira, então em sua vida adulta será capaz de se dedicar com confiança e força a serviço do mundo.”Rudolf Steiner
“Se a criança é capaz de se entregar por inteiro ao mundo ao seu redor em sua brincadeira, então em sua vida adulta será capaz de se dedicar com confiança e força a serviço do mundo.”Rudolf Steiner
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