domingo, outubro 20

Folha de S.Paulo (SP): Cai porcentagem de brasileiros dispostos a ter um emprego

A parcela de brasileiros em idade ativa que têm ou estão buscando emprego caiu entre 2009 e 2012, segundo estudo divulgado ontem pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com base em dados da Pnad.
A chamada taxa de participação (relação entre a população economicamente ativa e aquela em idade para trabalhar) caiu de 59,5% para 57,5% no período.
Segundo o instituto, essa tendência é preocupante porque pode pressionar o mercado de trabalho e representa um desafio para a formulação de políticas públicas.
A redução mais acentuada ocorreu entre os jovens de 15 a 24 anos. Em termos de gênero, a tendência foi mais marcante entre as mulheres, embora tenha sido verificadas entre os homens também.
"É surpreendente, pois ocorreu em um momento de melhora do mercado de trabalho", disse Marcelo Neri, presidente do Ipea e ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos.
Segundo o Ipea, a fatia de jovens fora do mercado de trabalho e da escola (os chamados "nem nem") aumentou nos últimos anos.
"Esse contingente sempre existiu, mas parece que teve um aumento recente. A médio e longo prazo isso é preocupante. Precisamos entender os determinantes disso", diz Gabriel Ulyssea, coordenador de pesquisas de trabalho e renda do Ipea.

QUALIFICAÇÃO

Segundo Neri, havia espaço para a inserção de uma grande parcela de trabalhadores no mercado de trabalho, o que indicaria que o país não estava diante do pleno emprego em 2012.
Diferentemente do que muitos especialistas afirmam, a pesquisa aponta que não há uma escassez generalizada de oferta de mão de obra qualificada no país.
O coordenador de pesquisas do Ipea afirma, no entanto, que ela pode ocorrer em alguns setores ou em determinadas atividades.
Segundo o instituto, a oferta de trabalho qualificado vem aumentando continuamente na última década e o preço relativo a essa mão de obra tem caído também.
Além disso, segundo a pesquisa, os desempregados hoje são em sua maioria profissionais qualificados.
"O grande apagão de mão de obra é de pessoas pouco qualificadas, talvez seja sinal de que o Brasil não está dando um salto tecnológico", afirma Neri.
Para o economista José Márcio Camargo, há uma falta de mão de obra "bem qualificada", que tenha frequentado cursos em universidades mais conceituadas, após a queda na qualidade desse ensino nos últimos anos:
"Há queixas dos empresários da falta de mão de obra qualificada, mas eles podem estar sentindo falta é de mão de obra bem qualificada", ressalta.


FONTE: ipea.gov.br

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