segunda-feira, outubro 21

Diminui participação de mulheres e jovens no mercado de trabalho

Estudo apresentado pelo Ipea analisou os principais gargalos para a contratação de mão de obra


O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) divulgou nesta segunda-feira(07/10) um comunicado sobre o mercado de trabalho a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicilio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o estudo, atualmente, o gargalo para uma maior expansão no mercado de trabalho é a queda na taxa de participação da população em idade produtiva.
A taxa se refere à relação entre a população inserida no mercado e o total da população em idade produtiva. O problema atinge, sobretudo, mulheres e jovens entre 15 e 24 anos que não estão no mercado ou em busca de uma ocupação. Entre 2009 e 2012, a taxa de participação entre as mulheres caiu 4,2%, contra 2,5% dos homens. Já entre os jovens nessa faixa etária, a queda foi de 5,9%.
— É surpreendente, pois acontece no momento de melhora no mercado, quando deveria ter maior atratividade — explicou Marcelo Néri, presidente do Ipea e ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE).
Segundo Néri, em 2012, o mercado de trabalho cresceu 6,45%, ou "duas vezes mais rápido que em toda a década (3,08%), o que surpreende dado que o PIB cresceu apenas 0,9%". Para Gabriel Ulyssea, coordenador de pesquisas em trabalho e renda do instituto, a queda chama atenção pela intensidade em curto intervalo de tempo e "preocupa pois tira a possibilidade de aumento na oferta de mão de obra". No caso das mulheres, a razão apontada é uma saída do mercado de trabalho pela decisão de ter e cuidar dos filhos.
— Nesse sentido, a provisão de creches terá papel importante no futuro — disse Ulyssea.
Para os jovens, o pesquisador afirma que não há clareza sobre as causas do fenômeno:
— É possível que esteja relacionado ao aumento de renda por outras vias que não o trabalho, isso inclui os programas sociais. Mas o fato de a queda ter sido mais intensa no Nordeste é um fator que demonstra a influência de ações sociais nesse tema.
Os pesquisadores foram enfáticos ao afirmar que os dados divulgados pela Pnad referentes a 2012 não indicam uma fase de pleno emprego, como tem sido divulgado pelo governo. Conforme Néri, os primeiros sinais para o fenômeno aparecem em 2013, quando o mercado diminui o ritmo de abertura de novas vagas, mas a renda geral continua em tendência de alta.
— Em 2013, vemos uma brutal desaceleração do crescimento do mercado de trabalho, de 6% para 2,83%, até julho. Agora quase todo aumento de renda vem pelo efeito salário, e menos da quantidade de trabalho — afirmou. — Isso sinaliza o pleno emprego, mas só agora, pelo efeito salário.
Entre as categorias que tiveram maior aumento de renda, segundo o estudo, estão agricultura, construção civil e serviços, onde estão incluídas as empregadas domésticas. O aumento de renda estaria associado a uma melhor escolarização, na visão de Néri.
— É um bônus educacional. O trabalhador saiu de um nível muito baixo de qualificação para um menos baixo — disse.
A consequência do movimento seria um "apagão" de mão de obra de baixa qualificação. A avaliação é radicalmente contrária à ideia difundida entre empresários de que há escassez de mão de obra qualificada no País.
— Entre as pessoas com baixa qualificação, o salário está aumentando, pela redução da oferta. É um processo retardado, o País começou a viver isso em 2001. Talvez seja um sinal de que o Brasil não está dando um salto tecnológico. O grande apagão é de gente pouco qualificada.
Segundo Ulyssea, os dados do IBGE demonstram que há um aumento da oferta de trabalho para as categorias mais qualificadas:
— O quantitativo dos trabalhadores qualificados vem aumentando acima dos não qualificados. Outro fator é a evolução da renda da mão de obra qualificada, que está em queda. Isso é coerente com o aumento da oferta de mão de obra. Essas duas características são incompatíveis com a ideia de escassez.
FONTE: zerohora.clicrbs

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