quinta-feira, julho 4

Estudo mapeia chances para negócio social de educação


Formação de professores em todas as etapas do ensino básico, avaliação para o ensino fundamental, oferta de cursos para o ensino técnico e criação de objetos educacionais, como jogos e plataformas de aprendizagem, para o fundamental 2. Quem quiser lançar uma empresa de educação voltada para a base da pirâmide e com impacto social ou investir em negócios sociais de educação, pode ir em frente: há, no mercado brasileiro, muita demanda para determinados produtos ou serviços educacionais e, consequentemente, muitas lacunas onde empreendedores podem atuar. É o que mostra o estudo Oportunidades em Educação para Negócios Voltados para a População de Baixa Renda no Brasil, divulgado hoje pelo Inspirare e pela Potencia Ventures.
“Esse estudo ajuda a compreender os diferentes segmentos de atuação existentes no setor de educação no Brasil e identificar onde existem oportunidades para o desenvolvimento de produtos e serviços que contribuam para elevar a qualidade da educação oferecida para a população de baixa renda”, afirma Vivianne Naigeborin, assessora estratégica da Potencia Ventures. “A grande contribuição desse levantamento é mostrar que há um setor formado por novos atores se fortalecendo. Não são mais só as empresas tradicionais, mas jovens empreendedores comprometidos com a melhoria da educação do país”, diz Anna Penido, diretora do Inspirare.
crédito Stauke / Fotolia.com
Estudo mapeia oportunidades para negócios sociais de educação
 
Para oferecer um panorama das áreas da educação em que existe demanda, mas onde nenhuma ou poucas empresas estão atuando, a Prospectiva analisou o contexto educacional nacional, com ênfase em seis estados: Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo – responsáveis por metade do orçamento público da educação do país, cerca de R$ 100 bilhões, segundo o estudo. Além disso, entrevistou especialistas em educação e também levantou 190 organizações brasileiras, majoritariamente startups lançadas por jovens de 20 a 40 anos, que desenvolvem produtos ou oferecem serviços educacionais voltados ao ensino básico, técnico e EJA das classes C, D e E.
Cada uma das organizações foi alocada em uma área ou mais de seis pré-definidas: 1) gestão, 2) formação, método e avaliação, 3) infraestrutura, 4) cursos e objetos educacionais, 5) financiamento educacional, e 6) acesso à informação. Ao fim, uma matriz mostrou onde há “buracos” e “aglomerações” (veja infográfico).
A área de cursos e objetos educacionais, como games e softwares, foi a que apresentou o maior número de iniciativas, reunindo 78% dos casos. O especialista destaca, no entanto, que o mercado é tão promissor que, mesmo onde houve maior concentração de novos atores, ainda há nichos importantes a serem explorados. “O fato de haver muitas empresas produzindo objetos educacionais não quer dizer que essa área esteja saturada. Ainda há muito espaço para a produção de material principalmente para o fundamental 2”, afirma Alberto Bueno, sócio da Prospectiva, consultoria responsável por realizar o estudo.
Na ponta de lá, com poucos atores oferecendo soluções mercadológicas, um dos destaques é a formação de professores em todas as etapas do aprendizado pesquisadas. “Existe uma tendência de construções de plataformas para entrega de conteúdo, mas tem pouca gente olhando para a formação contínua do professor, para capacitá-los a usar essas ferramentas como instrumento em sala de aula”, afirma Naigeborin, destacando que alguns produtos podem oferecer soluções a mais de um problema. “Um professor bem formado impacta na incorporação de novas tecnologias na educação. Por isso, percebemos a necessidade de que alguns produtos oferecessem ‘soluções casadas’ de forma a melhorar seu impacto, como formação de professores e gestão educacional”, completa ela.
A gestão, com 17% das iniciativas levantadas, é um dos nichos apontados pelo estudo como bom setor a ser explorado. O estudo ainda subdividiu a área em gestão administrativa, a ser usada por escolas e redes para organizar processos gerais; gestão educacional, que reúne os dados dos alunos; e gestão de insumos e materiais. “Às vezes, a discussão fica muito em torno do conteúdo, mas investir em processos de gestão pode trazer um impacto indireto muito grande no aprendizado”, avalia Naigeborin.
“Esse estudo é destinado principalmente àqueles que querem empreender nessa área. Ele aponta lacunas e sugere caminhos para desenvolver negócios inovadores e que, efetivamente, gerem impacto social”
De acordo com Penido, vive-se um bom momento para o envolvimento de jovens empreendedores em negócios sociais educação. “Isso pode ser visto a partir de três fatores: da percepção global de que o modelo da educação está desgastado, não respondendo mais às demandas dos alunos e do mundo de hoje, do aumento dos investimentos em educação no Brasil e da forte presença de uma geração que quer fazer parte das soluções”, diz a diretora do Inspirare.
A Prospectiva, em sua análise de contexto, estimou que haja R$ 60 bilhões disponíveis para o mercado potencial de educação nos seis estados estudados e que, diferentemente de outras áreas, como sáude, há menos entraves regulatórios para o surgimento de novas iniciativas. Entretanto, as startups enfrentam dificuldades para vender para grandes mercados ou governos, principalmente quando é preciso passar por processos licitatórios. “Ou a empresa faz uma parceria para que seu produto seja adotado no município ou fica muito difícil para uma empresa pequena concorrer com as grandes”, afirma Bueno.
Naigeborin concorda que o mercado ainda tem muito a crescer. “O que nós vemos ainda são soluções muito pulverizadas. Em educação, olhar para um aspecto não resolve, já que os problemas são complexos e interligados. É preciso que o empreendedor tenha uma visão mais sistêmica do quadro”, avalia. A concentração de empresas em cada uma das áreas pode ser conferida no infográfico abaixo.
Critérios de sucesso
Para que os novos empreendimentos possam aproveitar o momento e ultrapassar os entraves, o estudo considerou pontos importantes para que um negócio social em educação seja bem sucedido: o potencial de impacto social, a sustentabilidade financeira, a atuação em regiões de alta demanda e poucos entraves regulatórios, e a escolha de produtos que possam ser oferecidos pela iniciativa privada. “Esse estudo é destinado principalmente àqueles que querem empreender nessa área. Ele aponta lacunas e sugere caminhos para desenvolver negócios inovadores e que, efetivamente, gerem impacto social”, diz Naigeborin.
crédito Regiany Silva / Porvir
Infográfico Oportunidades para Negócios Sociais em Educação
Este post foi atualizado às 11h51 de 27 de junho de 2013

FONTE: porvir.org

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