sexta-feira, junho 14

GESTÃO DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL: PODE SER CONSIDERADA UM MODELO DE GESTÃO COMPARTILHADA?


Felipão e o modelo de gestão compartilhada

O modelo de gestão da Seleção Brasileira de Futebol pode ser considerado um modelo para as empresas? Faço referência ao desafio assumido pelo técnico Felipão em parceria com o coordenador Carlos Alberto Parreira. Enquanto o primeiro cuida da gestão dos atletas no campo, Parreira trabalha na arena administrativa para garantir que todas as questões que estão fora do campo sejam resolvidas.
Nas seleções, já observamos a figura do coordenador técnico exercida por Zagallo, Zico e até Antonio Lopes. Trata-se de um papel importante como anteparo para o técnico priorizar e solucionar as questões dentro das quatro linhas, o que não é pouco num mundo de tantos interesses financeiros e, principalmente, que gera tantas emoções de paixão e ódio.
Neste caso, pelo peso do nome dos dois treinadores campeões do mundo, percebi uma cumplicidade na beirada do campo que facilita um trânsito de opiniões nas áreas técnica, tática e de gestão. Embora seja de Felipão a voz ouvida nas entrevistas coletivas sobre as estratégias, não me parecem que sejam fruto de uma visão isolada das demandas de campo. O treinador já reiterou a confiança que ele depositada no escoramento feito por Parreira.
Mas ao colocar uma lente de aumento nessa análise, não podemos esquecer o papel de outra figura proeminente nessa condução: o auxiliar-técnico Flavio Murtosa. Não é possível separar Felipão do seu fiel escudeiro, integrante inevitável da equipe do comandante em qualquer clube ou seleção que trabalhe.
Em reportagem do Esporte Espetacular deste domingo (9), que contou a trajetória de Felipão, foi possível conhecer a construção dessa parceria, que nasceu com muita desconfiança mútua e se perpetuou ao longo do tempo.
O futebol é mundo de muita vaidade onde a marca deixada pelos nomes dos profissionais e as conquistas a eles atribuídas são muito importantes para a avaliação do desempenho. Murtosa não se aflige com a sombra do chefe e a parceria Felipão-Parreira é harmônica porque nenhum dos dois tem necessidade de provar seu valor individual após currículos consagrados.
Nas empresas, a vaidade e o desempenho personalista também são marcas das construções de carreira.
Os profissionais em cargos de comando se esforçam para atribuir o sucesso da empresa não a uma estratégia corporativa, mas principalmente ao dedo pessoal de seu primeiro executivo.
Você se vê assumindo uma gerência exigindo o acompanhamento de um auxiliar e de um coordenador de atividades? As contratações deixariam de ser de pessoas para passar a ser de “pacotes” de profissionais.
A imagem parece ser distante, mas a condição de uma gestão com responsabilidades compartilhadas é fundamental em qualquer organização. Ninguém chega sozinho para comandar uma equipe rumo aos objetivos desenhados. Saber atuar em conjunto com outros líderes e estruturas de apoio, sem deixar prevalecer a vaidade extrema, mas colocando sua marca pessoal, é um desafio a ser aprendido.
Nessa rede, importante mapear a figura do mestre-tutor, do apoiador e do suporte. Quando mudar de empresa, leve em conta também a falta que esse patrimônio de relações fará para seu desempenho na nova organização.

FONTE: revistaepocanegocios

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