domingo, junho 9

FUSÕES E AQUISIÇÕES: O LADO DO COLABORADOR



Uma onda de fusões entre grandes empresas percorre o mundo, e no Brasil não é diferente. Com o fim da crise e o crescimento da economia do país, foram em média 53 fusões ao mês no último ano, segundo a Secretaria de Assuntos Econômicos (SEAE), do Ministério da Fazenda. Em meio a todas essas organizações, estão envolvidos muitos profissionais, e as corporações devem dar uma maior atenção ao capital humano nesse período muitas vezes conturbado e cheio de mudanças.


O papel da área de Recursos Humanos das companhias é fundamental para a adaptação dos colaboradores neste novo contexto, onde culturas, valores e políticas se misturam e podem gerar conflitos organizacionais. Normalmente, quando a fusão acontece, acontecem cortes de funcionários e o clima nas empresas fica, geralmente, tenso – os profissionais pensam a todo o momento quando será o último dia na organização. A justificativa das corporações envolvidas é o ganho de competitividade no mercado e a redução de custos.
A gestão das expectativas dos colaboradores é muito importante. O RH deve transmitir que o objetivo principal de uma fusão é tornar a empresa muito mais competitiva, o que é bom para a companhia e para os que trabalham nela. Os funcionários devem sempre se preocupar em se destacar, mostrar seus valores, para que, no momento em que haver um corte de funcionários em caso de fusão, permaneçam na empresa. “Como definir, caso seja necessário, quem será demitido? Caso seja preciso realocar alguém para uma outra área, quem deve ficar no cargo antigo e quem deve mudar de setor? Esse é um ponto estratégico importantíssimo para uma fusão porque é nessa hora que as empresas fundidas vão ganhar engajamento e sinergia na operação”, expõe Guilherme Falchi, sócio-diretor da Hera Brasil, consultoria de qualidade de vida corporativa.

Importância da Comunicação


A empresa que anuncia uma fusão sem trabalhar a comunicação corporativa entra em colapso, pois todos os colaboradores se perguntarão, todos os dias, quando chegará a hora de suas dispensas. Se não for passada tranquilidade para os profissionais, não for informado passo a passo o que está acontecendo na corporação, o porquê da fusão, e não houver transparência para com o grupo, além de gerar um grande transtorno, desmotivação e falta de produtividade, pode acarretar grandes custos e prejuízos.
“Uma vez anunciada a situação de fusão para o mercado, deve haver reuniões frequentes com as equipes das empresas e praticar a valorização desse grupo de pessoas por meio dos gestores ou dos RHs das companhias”, observa Cintia Menegazzo, consultora de desenvolvimento organizacional e coach. De acordo com a consultora, se faz necessário tratar os profissionais com transparência e praticar conversas individuais com os mesmos, desde o início desse processo.

Uma fusão, da mesma forma que pode ser entendida como um obstáculo na carreira, pode também ser uma boa oportunidade de crescimento profissional. O colaborador poderá exercer suas atividades em uma empresa maior, com maior poder aquisitivo, mais poder no mercado e competitividade. “O empregado pode assim, ser promovido mais facilmente, desenvolver melhor as competências e isso agrega valor ao currículo, pois poderá informar que passou por um processo de fusão, continua na empresa e até foi promovido, por exemplo”, aponta Falchi.
Quando se trata de duas grandes empresas em um processo de fusão, sempre uma das políticas organizacionais prevalece e, consequentemente, isso gera grandes conflitos. Há uma sobreposição de valores e o RH precisa ser bastante estratégico e usar de  visão de negócio para transmitir os conceitos e valores que ficam. “Essa administração deve ser feita por meio da missão, visão e valores da empresa. Seja no grupo que é comprado ou no que compra a fração majoritária, têm que deixar os brios e as ambições de lado e olhar para o que é melhor”, informa Cintia. Ainda para a consultora, é necessário pensar em qual das políticas de RH ou de qualquer outro departamento são fundamentais para a sustentabilidade do negócio.

O lado do colaborador


O conhecimento técnico do cargo é muito importante para o profissional nesses momentos de fusão. Quem tem o domínio dos processos vai ser uma pessoa com muito mais facilidade de adaptação, caso seja necessário mudar a forma de como realizava determinadas tarefas. “Quem aprende apenas na prática, aprende de um jeito menos técnico. Já quem aprendeu conceitualmente como desenvolver as atividades tem uma maior flexibilidade”, opina Falchi. Cintia concorda e afirma que o colaborador deve somar formas diferentes de fazer o seu trabalho e sair da zona de conforto.
O profissional brasileiro ainda tem dúvidas do que é realmente uma fusão, não entende perfeitamente seus reais objetivos e a enxergam, muitas vezes, como um ponto negativo. “O brasileiro ainda não absorveu essa cultura de que a fusão pode ser positiva, se vista de determinados ângulos. Ela possui algumas armadilhas perigosas, e os colaboradores, em geral, devem estar atentos; são meros obstáculos dentro de algo que deve ocorrer para o bem”, finaliza Falchi.


Fonte: Catho

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